Ilda Figueiredo critica falta de investimento no Porto e pede “urgência” nas obras do Bolhão

CDU apresentou o projecto de desenvolvimento para a cidade para os próximos quatro anos onde a habitação, o turismo e a mobilidade são as áreas que merecem mais atenção

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Depois de em 2009 ter liderado a lista da CDU em Gaia, Ilda Figueiredo é, de novo, candidata ao Porto ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

Foi com muitas críticas à gestão Rui Moreira que a candidata da CDU, Ilda Figueiredo, apresentou ontem o seu projecto de desenvolvimento para o Porto para os próximos quatro anos que assenta num conjunto de medidas que vão da habitação social, urbanismo, mobilidade, ambiente e limpeza urbana, à cultura, associativismo e desporto.

Ao mesmo tempo que explicava cada uma das 14 linhas programáticas do projecto da CDU para o próximo mandato autárquico, Ilda Figueiredo apontava o dedo à falta de investimento público na cidade nos últimos quatro anos, aproveitando para criticar o executivo liderado por Rui Moreira que – disse – manifestou “uma grande incapacidade de realizar obras”, adiando promessas [eleitorais] como a “recuperação dos mercados do Bolhão e da Sé, o alargamento do parque Oriental, o interface de Campanhã e a transformação do Matadouro”. Estava dado o pretexto para a candidata reclamar a “concretização com urgência das obras de recuperação dos mercados do Bolhão e da Sé”.

“A cidade inclusiva que defendemos exige investimento público e incentivos diversos para criar projectos que sejam uma âncora ao desenvolvimento em toda a cidade, designadamente nas zonas periféricas de Campanhã, Paranhos e Ramalde, com respeito pelo ambiente e pelos moradores”, declarou a antiga eurodeputada, acusando a actual a maioria da câmara de “esquecer associações populares e o desporto para todos”.

O documento de 12 páginas foi apresentado ao fim da manhã, na Praça Marquês de Pombal, na confluência das freguesias Santo Ildefonso, Bonfim e Paranhos, onde Ilda Figueiredo defendeu uma aposta na habitação a preços controlados no centro da cidade, vincando que os imóveis “devem ser para habitação e não para a especulação“ imobiliária.

O programa contém propostas que abrangem desde um “programa específico que promova a reabilitação de centenas de ‘ilhas’ privadas a uma gestão transparente”, mas são a habitação, o turismo e a mobilidade as áreas que mais atenção merecem.

A candidatura comunista quer ”inverter a perda de população na cidade” e “melhorar as condições de habitabilidade”. “A inversão da perda de população na cidade implica apostar em habitação social e a preços controlados, designadamente no centro da cidade onde as habitações municipais devem ser para arrendamento e não para a especulação, apoiando o sector cooperativo”. Entende a CDU que é preciso “proceder à alteração do regulamento de habitação municipal tornando-o mais justo e solidário, estabelecendo um programa de intervenção nos bairros municipais, em diálogo com os moradores e impedindo agravamentos exorbitantes das rendas como aconteceu este ano”.

Quanto ao turismo, Ilda Figueiredo pede regulação para que o mesmo se distribua de uma “forma mais harmoniosa por toda a cidade, visando impedir os malefícios de um turismo sem regras e de grande concentrações no centro histórico, que está a acelerar a expulsão dos moradores permanentes e a inflacionar os preços de habitação e dos bens de consumo”.

 Já em matéria de mobilidade, os comunistas reclamam a “reversão da privatização do sistema de parcómetros, diminuindo a sua extensão e os preços praticados na cidade, designadamente nas zonas residenciais, aumentando os parques de estacionamento periféricos gratuitos e outros integrados no [sistema] Andante, o qual deve ter tarifas mais baixas, designadamente para crianças, estudantes, pessoas portadoras de deficiência e reformados”.

Paralelamente, Ilda Figueiredo defendeu a redução do número de empresas municipais, e propõe a criação de dois novos pelouros: desporto e do movimento associativo.  No seu projecto de desenvolvimento, a candidata não esqueceu a limpeza urbana, proclamando a suspensão do processo de concessão a privados da recolha de resíduos urbanos. “A limpeza hoje já é má. Imagine-se o que vai acontecer à cidade” com a entrega do serviço de recolha de lixos a privados, inquieta-se a antiga vereadora da Câmara do Porto, para quem este “é o momento ideal para parar o processo.

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