A exposição dos sonhos na Gulbenkian de Paris para a rentrée

Lee Ranaldo, Apichatpong Weerasethakul, Genesis P-Orridge, Tim Etchells, Alexandre Estrela ou Gabriel Abrantes expõem os seus sonhos.

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O músico Lee Ranaldo (foto), o cineasta Apichatpong Weerasethakul, o performer Genesis P-Orridge, o escritor Tim Etchells, o artista plástico Alexandre Estrela ou o cineasta Gabriel Abrantes são alguns dos artistas a quem foram encomendados sonhos

Chama-se L’Exposition D’un Rêve, inaugura a 7 de Outubro (indo até 17 de Dezembro) e é a aposta expositiva da delegação de Paris da Fundação Gulbenkian para os próximos meses. O ponto de partida foi encomendar sonhos a artistas de múltiplas confluências criativas, entre artistas visuais, escritores ou cineastas, sendo depois musicados pelo alemão F.M. Einheit, conhecido por vários trabalhos a solo e por ter integrado várias formações e projectos colaborativos (dos Einstürzende Neubauten a Diamanda Galás).

O músico americano Lee Ranaldo (Sonic Youth), o cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, o histórico músico e performer Genesis P-Orridge (Throbbing Gristle), o artista, dramaturgo, encenador e escritor inglês Tim Etchells, o artista plástico Alexandre Estrela ou o cineasta Gabriel Abrantes, para além de Susie Green, David Link, Pierre Paulin, Emilie Pitoiset ou Susan Stenger, foram os nomes a quem foram solicitados os sonhos. F.M. Einheit compôs a música desse mesmos sonhos, com excepção dos escritos por Lee Ranaldo e Genesis P-Orridge, que optaram por criar as suas próprias músicas-sonhos.

O sonho, enquanto manifestação de desejos e medos, veículo de vozes do inconsciente, mas também como ferramenta de criação e elemento constituitivo de mitologias será o fio condutor de uma exposição sonora que contará com uma espécie de percurso que obedecerá a mandalas (diagramas simbólicos) concebidas por vários outros artistas (Philippe Decrauzat, Myriam Gourfink, Olivier Mosset e Eduardo Terrazas), resultando daí aquilo que o curador Mathieu Copeland chama de polifonia, concebida por um “autor-múltiplo”, explorando as diferentes dimensões da imaterialidade da exposição.

A exposição foi pensada no Jardim Gulbenkian em Lisboa – que emoldura hoje em dia o edifício onde, digamos assim, o sonho de Calouste Gulbenkian se concretiza diariamente –, tendo F.M. Einheit gravado no edifício da Fundação e no jardim, com a contribuição de inúmeros músicos e também do coro Gulbenkian. Nesse sentido, segundo Mathieu Copeland, propõe-se um diálogo. De um lado o sonho e a imaterialidade de uma mostra e do outro a materialidade concreta de uma instituição, com a arquitectura ou o jardim, a informarem a exposição e em retorno a exposição a usar a instituição.

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