Fundão com 14 milhões de euros de prejuízo com incêndios

Rearborização da Serra da Gardunha deve custar sete milhões de euros.

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Mario Lopes Pereira

Os prejuízos directos do incêndio que afectou o Fundão, distrito de Castelo Branco, na semana passada, são de 14 milhões de euros e a necessária rearborização da Serra da Gardunha deve custar sete milhões de euros, informou nesta quinta-feiraa autarquia.

O presidente da Câmara Municipal do Fundão, Paulo Fernandes, estima que haja um prejuízo de 3,5 milhões de euros nas infraestruturas municipais, uma perda de cinco milhões de euros no sector florestal, quatro milhões de euros em empresas do sector agro-pecuário, turismo e captação de água, 500 mil euros na protecção civil e um milhão para recuperação de habitações afectadas.

O município já fez também uma projecção de acções de regeneração da Serra da Gardunha, que deve custar sete milhões de euros, e do relançamento da economia associada àquela zona, orçado em cinco milhões de euros.

Cinco casas de primeira habitação e quatro de segunda habitação foram afectadas pelo fogo, disse à agência Lusa Paulo Fernandes, sublinhando que ficaram "destruídas na íntegra" apenas uma casa de primeira habitação e uma de segunda habitação, sendo que as restantes registaram "danos parciais".

O fogo afectou ainda 43 habitações devolutas, acrescentou.

De acordo com o autarca, o fogo consumiu 7.200 hectares, 5.050 dos quais no concelho do Fundão e os restantes em Castelo Branco.

Paulo Fernandes sublinhou que há entre "170 a 180 postos de trabalho que podem estar em causa", registando-se 200 produtores agrícolas e agro-pecuários afectados.

O incêndio afectou pomares, olivais e vinha, e consumiu zonas de pasto para ovelhas e cabras - parte importante da economia local face à fileira "fortíssima" do queijo na Beira Baixa, notou.

"Já estamos a fazer a alimentação directa a mais de 1.200 cabeças de ovelhas e cabras", referiu o presidente da Câmara do Fundão, acrescentando ainda que "morreram muitas ovelhas e cabras" no fogo, sem quantificar o número de cabeças perdidas.

No sector frutícola (a cereja é um importante recurso da economia local), o maior impacto não passa pelo número de árvores ardidas, mas pelo facto de o incêndio "ter afectado, sobretudo, os sistemas de rega", sendo que, se não houver investimento a curto e médio prazo, "pode-se pôr em causa os pomares", explanou Paulo Fernandes.

Os sete milhões de euros "necessários" para a rearborização da Serra da Gardunha - paisagem protegida - incluem a plantação de espécies autóctones, acrescentou o autarca, sublinhando que nas acções a longo prazo também está identificada a necessidade de investir um milhão de euros para assegurar a redução de riscos de erosão do solo.

"Tem de haver uma resposta colectiva, tal como teve que acontecer para o fogo de Pedrógão Grande", defende o presidente da Câmara do Fundão, considerando que todos os municípios da região Centro afectados pelos incêndios após a tragédia de Pedrógão Grande deveriam ter também uma resposta por parte do Estado.

"Há um conjunto de necessidades de resposta urgente e emergente e são precisos recursos", frisou.

Face ao regime de protecção da Serra da Gardunha, Paulo Fernandes entende ainda que deveriam ser criadas medidas excepcionais para garantir uma gestão florestal "para o conjunto" da serra e não "centenas de microplanos".

 

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