Embaixada "surpreendida" com decisão "amoral" de boicote de fotógrafos a Israel

Professores e estudantes de fotografia portugueses recusaram convites ou financiamentos profissionais do Estado de Israel como forma de boicote ao seu "regime de ocupação".

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ENRIC VIVES-RUBIO/Arquivo

A Embaixada de Israel em Portugal manifestou-se esta quinta-feira surpreendida e desapontada com a "iniciativa amoral" de fotógrafos, professores e estudantes de fotografia portugueses de recusarem financiamento de Israel como forma de boicote ao seu "regime de ocupação".

"É com grande surpresa e desapontamento que recebemos as recentes notícias de cerca de 40 fotógrafos, professores de Fotografia e estudantes que decidiram juntar-se a uma iniciativa amoral que inclui uma promessa de não aceitar convites ou financiamentos profissionais do Estado de Israel e recusar-se a colaborar com instituições ou projectos culturais israelitas que têm ligações com Israel", afirma em comunicado.

A embaixada considerou também surpreendente que esse tipo de iniciativa parta de um país como Portugal, que tem "uma democracia que promove os valores do diálogo, dos direitos humanos e da liberdade de expressão, um país que possui excelentes relações bilaterais, políticas, culturais e económicas com o Estado de Israel".

O conselheiro da Embaixada de Israel Raslan Abu Rukun, que assina o comunicado, salienta que este é um dos únicos países do Médio Oriente que tem liberdade de expressão e liberdade de imprensa. "Israel sempre declarou que está disposto à paz e actuou como tal. Prova disso são os acordos de paz com o Egipto e a Jordânia. Sempre esteve pronto para negociar e alcançar conversações de paz com os palestinianos, com base na solução de dois Estados. Infelizmente, os palestinianos são aqueles que estão a tentar escapar às conversações directas com Israel", considerou.

Raslan Abu Rukun enfatizou ainda a importância que a embaixada dá "à posição clara de se manter firme e denunciar todas as tentativas de boicote, aqui em Portugal e em qualquer lugar".

No dia 19 de Agosto, Dia Mundial da Fotografia, o Comité de Solidariedade com a Palestina anunciou que mais de 40 fotógrafos portugueses, professores de Fotografia e estudantes de Fotografia tornaram público o seu compromisso de não aceitar convites ou financiamentos profissionais do Estado de Israel e a sua recusa em "colaborar com instituições culturais israelitas cúmplices do regime de ocupação, colonialismo e apartheid".

Segundo a mesma fonte, os fotógrafos, entre os quais João Pina, vencedor do Prémio Estação Imagem 2017, e Nuno Lobito, "mantêm o boicote até Israel cumprir o direito internacional e respeitar os direitos humanos dos palestinianos". Este compromisso dos fotógrafos, professores e estudantes de Fotografia portugueses "segue iniciativas semelhantes de boicote cultural a Israel por centenas de artistas de relevo nos EUA, Reino Unido, África do Sul, Canadá, Suíça e França".

O Comité de Solidariedade com a Palestina recordou que "muitos artistas de fotografia palestinianos tiveram os seus vistos recusados pelo Exército de ocupação [de Israel], impedindo-os de participar em conferências e apresentações internacionais". "Artistas também foram detidos em postos de controlo, encarcerados, tendo o equipamento destruído e, no geral, são expostos à mesma violência perpetrada pelo Exército israelita contra todos os palestinianos", afirmou a plataforma.

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