Maus rapazes

Dois actores em boa forma não chegam para salvar O Guarda-Costas e o Assassino do desperdício de tempo.

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No papel, era prometedor juntar Deadpool ao actor-fétiche de Tarantino (e, claro, de Serpentes a Bordo) numa versão comic-book dos velhos buddy movies dos anos 1980, tipo Arma Mortífera ou 48 Horas: Samuel L. Jackson como assassino contratado forçado a testemunhar contra um tirano dos países de leste, Ryan Reynolds como guarda-costas profissional a quem sai o totoloto de o proteger quando a Interpol descobre ter um informador na equipa. Vai-se a ver, O Guarda-Costas e o Assassino leva uma coça brutal do Bons Rapazes de Shane Black (2016), que chegou mais perto do tom procurado de comédia de acção do que este desperdício de tempo, actores e paciência.

Não é culpa de Reynolds e Jackson, que têm a tarimba e o à-vontade perfeitos para a proposta (e temos de falar de Salma Hayek, que está tão nas suas sete quintas que quase rouba o filme). É culpa do realizador, o publicitário australiano Patrick Hughes (Os Mercenários 3, 2014), incapaz de equilibrar o humor conversacional, piscadela-de-olho, de banda-desenhada ou série B com a violência brutal e hiper-realista que vê mercenários bielorussos e polícias de choque a darem cabo do centro de Londres, Coventry, Amesterdão ou Haia como se tudo não passasse de um video-jogo.

Ora demasiado sério ora demasiado brincalhão, O Guarda-Costas e o Assassino esforça-se tanto por ser cool que passa o tempo a mostrar as costuras. Aqui e ali parece ter sido começado como filme “sério” que virou “paródico” a meio caminho porque era isso que o mercado pedia; parece existir apenas para justificar quatro ou cinco intermináveis cenas de acção vistosas e assaz destrutivas, presas umas às outras com agrafes nº 10 que não aguentam tanta explosão, tanto tiro e tanta mortandade. É pena, porque feito com menos vontade de encher o olho e mais vontade de criar personagens poderia ter sido um filme bem mais simpático.

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