Norman Lear, a lenda da televisão, vai voltar ao pequeno ecrã

Guess Who Died é um projecto que o criador de Uma Família às Direitas está a preparar há sete anos e que agora, se tudo correr bem, será produzido pela NBC.

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Paul Hipp e Norman Lear falam com Amy Poehler num episódio do podcast All of the Above with Norman Lear DR

A lenda da televisão Norman Lear vai voltar ao pequeno ecrã com Guess Who Died, a sitcom passada num resort sénior que está a tentar desenvolver há sete anos. A NBC comprometeu-se a produzir o piloto da série criada por Lear, que fez 95 anos no final do mês passado, e Peter Tolan, um dos responsáveis por Rescue Me (ou Socorro, em português). A razão pela qual demorou tanto tempo é que, segundo o próprio, “é uma série sobre os idosos que ninguém quer”. Ao contrário da maioria dos programas que o tornaram famoso, não será filmada ao vivo.

Nem tudo é certo: como sempre no negócio da televisão, é possível, mas não provável, tendo em conta a notoriedade do produtor, que a série nem passe da fase de piloto. Mas já chegar até aqui demorou e custou, um processo que aliás que ficou registado. Em Novembro de 2015, Lear juntou um grupo de actores e pô-los a ler o guião no Austin Film Festival, no Texas, uma leitura filmada pelas câmaras da CBS. Em 2016, o The New York Times fez um vídeo de sete minutos sobre o esforço de Lear para produzir a série.

Nem sempre foi tão difícil para Lear pôr séries no ar. Afinal, ele foi o homem que nos deu Uma Família às Direitas (All in the Family, no original), a série que transformou o irascível Archie Bunker num ícone da televisão. E não só. Nos anos 1970, Lear tinha um enorme império em termos de sitcoms com consciência social e vontade de ver os dois lados de todas as questões e derrubar barreiras, fossem elas criadas ou produzidas por ele. Sitcoms como Sanford and Son, Good Times, Maude ou The Jeffersons, bem como a bizarra paródia de telenovelas Mary Hartman, Mary Hartman ou o falso talk show Fernwood 2 Night, entre muitas outras, são alguns dos pontos altos da carreira do autor.

No início dos anos 1980, afastou-se um pouco da televisão para se dedicar ao activismo político, tendo começado o grupo progressista People For the American Way em 1981, e, em 2001, comprado uma das primeiras cópias da Declaração da Independência dos Estados Unidos por quase sete milhões euros, para a levar em digressão.

Mas, apesar da idade, Lear não tem estado propriamente parado nos últimos tempos. Só em 2017, por exemplo, o Netflix estreou a muito recomendável One Day at a Time, com Rita Moreno, remake de uma série por ele produzida nos anos 1970 – e, a julgar pelo que disse no ano passado à Variety, o produtor tem também vontade de fazer novas versões de Uma Família às Direitas, The Jeffersons e Good Times.

No início de Maio, estreou o podcast All of the Above with Norman Lear, em que ele e o co-apresentador Paul Hipp falam  frequentemente mencionando charutos cubanos e as coincidências que os levaram todos ao preciso momento em que estão  com convidados que vão de Julia Louis-Dreyfus, de Seinfeld e Veep, a Kenya Barris, o criador de black-ish, sitcom feita muito à moda dos clássicos de Lear, passando por Martin Sheen, Lily Tomlin e Jane Fonda, Kevin Bacon, Amy Poehler ou Jerrod Carmichael. E também não é avesso a ir aos podcasts dos outros, tendo aparecido nos programas de RuPaul ou Larry Wilmore.

Já este mês, Lear foi notícia pelo facto de se recusar ir à recepção da Casa Branca para os galardoados deste ano do Prémio Kennedy, atribuído a artistas que fizeram uma contribuição importante para a cultura americana. 

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