OE2018: BE quer crescimento “a favor de quem trabalha” e alívio fiscal

Na véspera da reunião com o Governo, Catarina Martins falou sobre as expectativas do BE. Ricardo Robles preferiu prestar declarações sobre a Carris.

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Catarina Martins esteve numa acção de campanha em Lisboa com Ricardo Robles, o candidato do BE LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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O Bloco passou a manhã no Museu da Carris LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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A líder bloquista falou sobre as negociações do próximo Orçamento, LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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Entre as prioridades do BE estão os escalões do IRS, o descongelamento das carreiras dos funcionários públicos e o direito à reforma por inteiro aos 60 anos de quem "começou a trabalhar ainda criança" LUSA/ANTÓNIO COTRIM

A coordenadora do BE defendeu hoje que o próximo Orçamento do Estado será o momento para "colocar o crescimento da economia a favor de quem trabalha" e disse esperar do Governo mais verbas para o alívio fiscal.

No final de uma visita ao Museu da Carris, em Lisboa, na qual esteve acompanhada pelo candidato do BE à câmara da capital, Ricardo Robles, Catarina Martins foi questionada sobre as negociações do próximo Orçamento, na véspera de uma reunião do partido com o Governo.

Lembrando que as "linhas vermelhas" do BE são públicas - passando pela recuperação de rendimentos, não aumento de impostos de bens essenciais e melhoria dos serviços públicos -, a coordenadora do BE salientou a exigência que "o país tem sobre a actual solução governativa", sobretudo por parte dos que continuam desempregados ou com salários e pensões baixas, apesar do crescimento da economia.

"O Orçamento do Estado é o momento essencial para colocar o crescimento da economia a favor de quem trabalha, de quem trabalhou e de quem quer trabalhar para não permitirmos que o crescimento economia seja a apropriação de riqueza por uns poucos", defendeu.

Questionada se houve avanços por parte do Governo sobre a verba destinada a aumentar a progressividade dos escalões de IRS - inicialmente foi inscrito um valor de 200 milhões de euros no Programa de Estabilidade (PE) -, Catarina Martins mostrou-se optimista.

"O Governo já compreendeu que aquele valor que tinha colocado no PE inicialmente não corresponde à necessidade de maior alivio e justiça fiscal, julgo que o Governo já evoluiu dessa posição inicial e que é preciso ir mais longe", disse. "Quanto ao mais, as negociações fazem-se à mesa", repetiu, por várias vezes, a líder bloquista.

Entre as linhas vermelhas do Bloco, salientou, conta-se o investimento nos serviços públicos, em áreas como a saúde e a educação mas não só.

"Temos de fazer uma aposta no investimento do país - lembro que por falta de verba ainda agora houve projectos sobre a prevenção na área da floresta que não foram para a frente", lamentou.

O Diário de Notícias noticia hoje que centenas de candidaturas a fundos comunitários de projectos de defesa da floresta, nomeadamente de prevenção contra incêndios, foram rejeitados, em muitos casos com o argumento de falta de dotação orçamental, o que já levou o BE a pedir explicações ao Ministério da Agricultura.

"Tivemos conhecimento que projectos que cumpriam todos os requisitos sobre prevenção de incêndios, uma parte deles não foi financiados porque não houve disponibilidade financeira do Estado", lamentou Catarina Martins, defendendo que "o financiamento tem de chegar a esses projectos".

"O Governo já veio dizer que vai agir, aguardamos que o faça o mais rapidamente possível", disse.

Sobre o início mais tardio do que o inicialmente previsto para as negociações do OE, Catarina Martins assegurou que, embora o partido tivesse considerado preferível começar o trabalho mais cedo, o BE tem "feito o trabalho de formiguinha".

"Com mais ou menos tempo a exigência do BE mantém-se", assegurou.

Além do aumento da progressividade dos escalões do IRS, o BE elege também como prioridade para o próximo OE o descongelamento das carreiras dos funcionários públicos e quer ver resolvida, antes do Orçamento, o direito à reforma por inteiro aos 60 anos de quem "começou a trabalhar ainda criança".

"O último compromisso do Governo era que a 1 de Outubro isso estaria resolvido para quem começou a trabalhar aos 14 anos, a lei ainda não foi publicada e o BE quer isso resolvido antes do Orçamento do Estado", frisou.

Presente e futuro da Carris 

Durante a mesma visita ao Museu da Crris, o candidato do BE à Câmara Municipal de Lisboa, Ricardo Robles, defendeu que deve ser feito "um investimento fortíssimo" em recursos humanos e equipamento na Carris, e afastou que possa regressar "o fantasma da privatização da empresa". Ricardo Robles salientou que o partido se preocupa muito com "o presente e o futuro" desta empresa de transportes.

"O que assistimos nos últimos anos foi a um ataque feroz de desmantelamento deste serviço público de transportes de Lisboa, é preciso contrariar isso e fazer um investimento fortíssimo para recuperar", defendeu, pedindo que esse investimento seja feito quer em equipamento quer em recursos humanos.

Durante a visita, Robles e Catarina Martins tiveram oportunidade de ouvir as preocupações da Comissão de Trabalhadores da Carris, que lhes transmitiu que saíram da empresa "centenas de trabalhadores nos últimos anos" e preocupações com a idade média da frota, nomeadamente nos autocarros, que ronda os 12 anos.

Para o candidato bloquista, a municipalização da Carris tem de ficar assegurada também para o futuro e "não pode voltar o fantasma de uma privatização".

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