Refugiados: três portugueses recolhem meias para Calais

Em Leiria nasce uma campanha com o objectivo de calçar os pés frios daqueles que ainda esperam em Calais. A ideia é de três jovens, que tentam recolher 1200 meias até 20 de Setembro

Foto
ucmao/Pixabay

Há três jovens portugueses que querem ajudar refugiados e, para isso, criaram a campanha Meia no Pé para Calais que, apesar de ter poucas semanas, traça um objectivo ambicioso: recolher o maior número possível de meias para entregar no campo de refugiados de Calais, em França.

A Meia no Pé para Calais nasceu em Leiria — cidade natal dos três membros da associação —, mas tal só aconteceu porque, pelo meio, houve desvios e mudanças de rota. A ideia partiu de Maria Fernandes que, enquanto frequentava a licenciatura em Economia em Lisboa, chegou à conclusão de que o curso "não puxava" por si e decidiu experimentar fazer voluntariado fora de portas.

"Sempre fiz voluntariado, por isso, quando acabei o curso, decidi ir para França, para o campo de refugiados de Calais”, conta a jovem leiriense. Aqui, outro desvio. Maria tinha apontado para a Grécia, mas conselhos de mãe fizeram com que a rota se alterasse. Partiu para a cidade portuária de Calais em Junho último. Numa "altura bastante complicada", após o incêndio que deflagrou no campo de refugiados, a portuguesa recorda os primeiros momentos: "Dois minutos depois do choque inicial, já estava focada no que tinha para fazer".

Foto
Leiria, Lisboa, Cascais, Porto e Guarda

Após a experiência de voluntariado, rumou até à capital da Polónia para um mestrado na área das Relações Internacionais. Agora está de volta a Portugal, a trabalhar com a Refugees Welcome Portugal, da associação portuguesa Home Without Borders

Quantas meias cabem numa mala?

Roupa interior e meias é o que mais se procura no campo francês. Quem quiser ajudar só tem de entregar meias nos pontos de entrega destacados pela organização. A associação não coloca uma fasquia a atingir. "Quanto mais melhor”, adianta Maria, mas deixa um número: 600. Neste momento há 600 refugiados em Calais, por isso “o número ideal” para os organizadores da campanha seria de 1200 meias recolhidas, para servir todos os que esperam ajuda a milhares de quilómetros de distância.

Para já, os três jovens por detrás do projecto mostram-se contentes pela receptividade da população de Leiria, em particular, e de todo o país. Os amigos vão-se juntando ao projecto e este vai crescendo. Maria Fernandes, Miguel Ferraz e Telmo Soares compõem o trio que arrancou a campanha. Telmo e Miguel fazem da parte da produtora audiovisual CASOTA e deixaram-se contagiar pela ideia e entusiamo de Maria.

Um entusiasmo que vai servir de combustível para a última etapa da jornada. A Meia no Pé para Calais termina a recolha de meias a 20 de Setembro e, depois, o plano passa por transportar as peças de vestuário até ao campo de refugiados. A forma como isso vai acontecer está dependente da vontade de quem as oferece. "Podemos ir de carro, mas, se forem muitas meias, o meu namorado tem uma caravana que podemos levar”, conta a jovem leiriense ao P3. Caso a caravana não seja suficiente, outra forma haverá de chegarem lá, adianta.

Os pontos de recolha estão espalhados por todo o país e a lista vai sendo actualizada à medida que a campanha decorre. Assim se faz o caminho para que a carga da mala seja o mais pesada possível antes da viagem até Calais começar. 

Sugerir correcção
Comentar