Quase um terço do dinheiro dos clientes dos bancos está depositado à ordem

No final de 2016 já todos os depósitos a prazo simples tinham taxa de juro fixa. Há 45 mil milhões em depósitos à vista.

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A oferta de depósitos a prazos simples passou a ser menos diferenciada nos últimos anos PAULO PIMENTA

Há perto de 140 mil milhões de euros confiados aos bancos pelos clientes particulares. A grande maioria do dinheiro dos aforradores portugueses continua concentrada em aplicações a prazo, mas os depósitos à ordem já representam praticamente um terço de todos os depósitos.

O crescimento dos chamados depósitos à vista, que permitem movimentar o capital em qualquer altura sem penalizações, tem sido uma constante ao longo dos últimos anos, marcados pelas taxas de juro baixas nas aplicações a prazo. A tendência prolongou-se na primeira metade deste ano: no final de Junho, dos 139.187 milhões de euros guardados nas instituições financeiras pelos aforradores em depósitos, 44.928 milhões de euros (32,3%) eram depósitos à vista. Um ano antes, quando o valor colocado à ordem já batia recordes, o seu peso no total dos depósitos rondava os 29%; e na mesma altura de 2015 estava nos 25%, ou seja, representava então um quarto do total. Dois anos depois, essa fatia cresceu para um terço.

O acréscimo de mês para mês tem sido intenso, quando se compara com os valores do ano passado (em Junho, o valor dos depósitos à ordem cresceu 12% face a Junho de 2016). Do lado das empresas há 24.515 milhões de euros em depósitos à ordem, cerca de 70% do total.

Um relatório divulgado este mês pelo Banco de Portugal sobre o mercado bancário de retalho mostra como a oferta de depósitos a prazos simples passou a ser menos diferenciada nos últimos anos, tanto pelo fato de haver menos variedade de prazos das aplicações como pela redução do leque de remunerações aos clientes. A tendência (relativa aos particulares) aconteceu a partir de 2012. E manteve-se em 2016, ano em que, segundo o banco central, se registou uma descida significativa da oferta em relação aos anos anteriores.

No final de 2016 havia cerca de 97 mil milhões de euros aplicados em depósitos a prazo (94 mil milhões em Junho deste ano, menos 6500 milhões do que na mesma altura de 2016). Aumentou a proporção dos depósitos com prazos até um ano (que passaram a representar 57% dos valores) e, em contrapartida, diminuíram os valores “aplicados em depósitos com maturidades superiores a dois anos, de 41,5%, em 2015, para 34,4%, em 2016”.

“Todos os depósitos a prazo simples tinham taxa de juro fixa, ao contrário do ano anterior, em que ainda estava em comercialização um depósito a prazo a taxa de juro variável”. A tendência, explica o BdP, tem a ver com a evolução das taxas Euribor.

Cerca de 90% dos depósitos comercializados no final do ano passado, sintetiza o banco central, tinham uma taxa de remuneração “igual ou inferior a 1%” e 72% tinham uma Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) igual ou inferior a 0,5%; e só três depósitos tinham taxas de juro acima de 2%, todos com prazo de três meses.

Cerca de 27% dos depósitos simples apresentados pelos bancos ao público em geral “possibilitavam aos clientes o reforço dos montantes aplicados, uma proporção em linha com a verificada no final do ano anterior”. Quando isso acontece, verifica-se de forma mais frequente nos depósitos com prazos mais longos, acima de um ano.

Ao mesmo tempo, “todos os depósitos comercializados em 2016 que permitiam o reforço dos montantes possibilitavam a mobilização antecipada dos fundos aplicados e cerca de metade exigiam um montante mínimo para efectuar o reforço, que variou entre dez e 250 euros”. De todos os que permitiam renovar e mobilizar o dinheiro antecipadamente, só em cinco casos não previam “qualquer tipo de penalização de juros”.

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