Real, pela primeira vez entre os profissionais, com os pés assentes na formação

Real Sport Clube venceu na época passada o campeonato de Portugal e vive agora o "sonho" na II Liga.

Jogadores do Real durante um treino
Fotogaleria
Jogadores do Real durante um treino Guilherme de Sousa
A equipa técnica do Real, chefiada por Filipe Martins
Fotogaleria
A equipa técnica do Real, chefiada por Filipe Martins Guilherme de Sousa

É no alto de Monte Abraão, no concelho de Sintra, que está localizado o complexo desportivo do Real Sport Clube. É a casa da equipa de futebol, que na época passada surpreendeu tudo e todos, ao conquistar um inédito título do Campeonato de Portugal, terceiro escalão do futebol nacional. A vitória permitiu-lhe chegar, pela primeira vez, aos campeonatos profissionais de futebol, ou seja, a II Liga. 

Mas esta é apenas a história mais recente do Real Sport Clube. O clube foi fundado em 1951, na sequência da fusão entre o Grupo Desportivo de Queluz e o Clube Desportivo e Recreativo de Massamá. E a chegada aos campeonatos profissionais é o culminar de um intenso de trabalho, sobretudo, na formação de jogadores. Pelo Real passaram vários nomes bem conhecidos do futebol nacional.

Um dos mais mediáticos chama-se Luís Carlos Almeida da Cunha, para o mundo do futebol apenas Nani. O avançado deu nas vistas no Sporting de Paulo Bento, mas iniciou a carreira no clube da Linha de Sintra. Nani foi descoberto por Aurélio Pereira, que o convidou a ir treinar à academia sportinguista, mas foi num jogo também em Alcochete que os dirigentes do Sporting ficaram convencidos do seu talento.

Pelo Real Sport Clube passaram outros jogadores que chegaram a clubes nacionais de topo, como Wilson Eduardo, Ricardo Vaz Tê ou Jorge Andrade.

Para a estreia na II Liga, o clube teve de passar por uma "revolução", porque os regulamentos do escalão profissional assim o exigem. Foi realizada “obra de raiz” que colocou de pé uma nova bancada, com capacidade para perto de 1600 lugares. É no topo sul que os adeptos visitantes vão poder assistir aos jogos. Os melhoramentos chegaram também à zona técnica, balneários e perímetro de segurança do Estádio.  

Ao PÚBLICO, o presidente do Real, Adelino Ramos, destacou também a nova iluminação e as infra-estruturas para as transmissões televisivas.

Mas para todas estas obras, o clube necessitou de fazer um elevado investimento. “Em boa hora surgiu o apoio da Câmara Municipal de Sintra”, aponta o líder do Real, enaltecendo o envolvimento directo do presidente da autarquia, Basílio Horta.

“Nunca antes na história do clube, houve este apoio financeiro por parte da câmara e das juntas de freguesia”, rematou Adelino Ramos.

O investimento total da obra no complexo desportivo do clube fixou-se em 700 mil euros, sendo que o contrato programa assinado com a autarquia de Sintra cifrou-se em metade desse montante. Adelino Ramos explicou ainda que a abertura da câmara para apoiar o clube foi “imediata”.

O impacto social do clube “ecléctico” que aposta na juventude

A equipa do Real que vai competir nesta temporada na II Liga tem a média de idades mais baixa dos escalões profissionais (26 anos). Para alguns pode ser um mero acaso, mas para os dirigentes do clube não. O Real sempre foi uma instituição que apostou na juventude.

“Apesar da subida à II Liga, o clube não perdeu a identidade. O projecto do Real sempre foi a aposta em jovens jogadores que aqui podem trabalhar para chegar a um patamar mais alto”, explica o director desportivo Hugo Henriques.

Actualmente, a modalidade de futebol, desde as escolinhas até à equipa principal conta com 750 atletas. Um número elevado para a dimensão do clube, que conta com mais de 2 mil sócios pagantes. 

Mas o trabalho que tem sido desenvolvido passa também pela vertente social. Inserido no meio de alguns bairros que vivem em situação socio-económica vulnerável, o clube assume-se como peça-chave na inclusão dos jovens atletas.

“Sempre que um jovem desfavorecido nos procure, nós damos-lhe a mão”, refere o presidente Adelino Ramos.

Já o presidente da União de Freguesias de Massamá e Monte Abraão, lembra a “dinâmica” que o Real exerce na comunidade local. “É no Real que os nossos jovens encontram um caminho alternativo para o seu desenvolvimento pessoal”, defende Pedro Brás, elogiando o clube que capta não só os mais novos, mas também as famílias.

O objectivo do clube para a época de estreia na II Liga é perfeitamente assumido pela direcção. “Queremos a manutenção”, remata Adelino Ramos. O próximo encontro do actual sexto classificado na prova será o primeiro a ter transmissão televisiva. É domingo (11h15) frente ao Sporting B.

Além do futebol, o clube tem outras modalidades que funcionam na sede a poucos metros do complexo desportivo. De acordo com os últimos dados, 1000 pessoas frequentam diversas actividades como ginástica, artes marciais, pesca, tiro ao arco e até uma escola de música.

Sugerir correcção
Comentar