Deputado do PSD duvida que Protecção Civil diga a verdade sobre meios no terreno

Presidente da Câmara de Mação já tinha criticado discrepância nos números de meios aéreos em acção no incêndio naquele concelho. Protecção Civil diz que chegaram a estar 15 meios, mas não todos ao mesmo tempo.

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Mario Lopes Pereira

O deputado do PSD, Duarte Marques, juntou-se ao presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, e os dois põem em dúvida a veracidade das informações dadas pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) sobre a quantidade de meios aéreos que actuaram no grande incêndio em Mação esta semana. O deputado e o autarca dizem que receberam informações contraditórias e que eles próprios testemunharam que não estavam no ar a quantidade de helicópteros e canadairs que a ANPC diz ter accionado em Mação.

"Diziam que estavam 14 meios aéreos em Mação. E quem lá estava via um ou outro helicóptero", conta o deputado ao PÚBLICO. Já na quarta-feira, o presidente da Câmara dizia que não via no local os meios aéreos que estavam registados na página da internet da Protecção Civil. "Alguma coisa está a correr mal", dizia, citado pela revista Sábado. "Numa hora crítica, estivemos mais de uma hora sem qualquer meio aéreo", acrescentava Vasco Estrela.

Para o deputado, pode tratar-se de uma má informação prestada pela ANPC ao Governo. "Ou o comandante nacional [conac] está a mentir ao Governo ou o Governo está a ser conivente", afirma o deputado, acrescentando que ao mesmo tempo que estava a ser informado pelo executivo de que estavam 14 meios aéreos destacados para o incêndio em Mação, o comandante nacional, Rui Esteves, informava um membro da autarquia dos códigos dos meios no terreno e contavam-se apenas sete. 

O deputado é, aliás, crítico da actuação do conac, Rui Esteves: "Nota-se uma clara interferência do conac. Desvia meios contra as decisões de toda a gente no terreno", acusa.

O PÚBLICO endereçou perguntas à ANPC sobre este caso, nomeadamente sobre a discrepância entre as informações dadas pelo Governo e pelo conac à autarquia e ainda sobre se houve ou não desvio de meios por ordem de Rui Esteves. A ANPC remeteu para o briefing da Adjunta de Operações Nacional, Patrícia Gaspar, de quarta-feira. Nesse briefing, questionada sobre as críticas do autarca de Mação, Patrícia Gaspar garantiu que à hora do brienfing (19h) estavam 13 meios aéreos no local, mas que durante o dia chegaram a estar 15. "Quando falamos em 15, dificilmente se vêem 15 meios aéreos a actuar num teatro de operações. Têm alturas em que têm de sair, seja para abastecimento de água seja para abastecimento de combustível", começou por explicar. "Tentamos uma rotatividade destes meios, porque se eles entram todos ao mesmo tempo, acabam por sair quase todos ao mesmo tempo. Fazemos uma gestão operacional que tenta ser o mais eficaz possível, porque são uma ajuda importantíssima", defendeu.

Além das queixas pelas informações que dizem ser díspares, Duarte Marques reclama do atraso na chegada dos meios de reforço. "Ao chegar a casa cruzo-me com três colunas de carros de bombeiros que chegam ao teatro de operações. Três colunas prometidas e anunciadas às televisões por volta das duas da tarde pela Protecção Civil. Chegaram 15 horas depois do pedido de ajuda, 8 horas depois do pico dos incêndios. Os 14 meios aéreos divulgados pelo Protecção Civil ainda devem estar à procura de Mação pois no máximo contei cinco. Felizmente não morreu ninguém, talvez por milagre. Boa noite, amanhã será outro dia bem difícil", escreveu no Facebook nesta quarta-feira, às 4h. 

No espaço de quinze dias, o concelho de Mação ardeu por duas vezes. A contabilização do município é que tenha ardido uma área de cerca de 30 mil hectares, 20 mil no primeiro incêndio, 10 mil no desta semana.

Na sequência do primeiro incêndio, o deputado do PSD apresentou um projecto de resolução para incluir Mação no projecto-piloto do ordenamento florestal, resultado da reforma florestal que foi aprovada pela Assembleia da República. Agora, anuncia ao PÚBLICO, vai fazer perguntas ao Governo.

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