Novas formas de terror

É preciso demonstrar que não nos deixamos intimidar e que, na substância, tudo continua como dantes: somos sociedades abertas e não abdicamos de interagir com o resto da humanidade. Mesmo sabendo que pode acontecer o mesmo aqui ou noutro lado qualquer.

A nova expressão do ódio é esta: um veículo de grande porte a varrer quem encontre pela frente, para maximizar danos num curto espaço de tempo, sem que seja necessário planeamento atempado nem definição de objectivos.

As cidades são os palcos e os cidadãos inocentes são os alvos. É uma forma fácil – e indiscriminada – de matar. É aberrante. Na Europa, fomos todos marcados num ponto de mira. Uma situação destas pode acontecer em qualquer cidade europeia, incluindo o Porto, Lisboa ou Albufeira. E por isso a resposta que devemos dar colectivamente é essencial.

Sim, isto implica mudanças no nosso modo de vida. Tal como o 11 de Setembro provocou mudanças na forma como os grandes edifícios são construídos para evitar derrocadas, também os centros turísticos terão de ficar protegidos de acesso por veículos pesados. E também os grandes ajuntamentos de pessoas, como os eventos musicais e desportivos, estão obrigados a maior vigilância. Uma malha de segurança mais apertada, com melhor utilização de ferramentas digitais, também está na lista.

Isto implica maiores orçamentos para a segurança interna e melhor coordenação com as polícias europeias, porque o assunto é de segurança transnacional. Este é o preço tecnocrático a pagar.

Não é o preço de substância. Esse outro não queremos – e não devemos – pagar. Preferimos não sentir insegurança todos os dias, escolhemos não abdicar do nosso modo de vida tradicional nem retirar o turismo do topo da lista das actividades de lazer.

Interessa pouco que o Daesh tenha reivindicado o atentado e que os envolvidos tenham ido buscar inspiração aos manuais de terrorismo que circulam nas redes sociais. É pouco relevante que o autor do atentado seja um norueguês de extrema-direita ou magrebino de segunda geração radicado nas madrassas do subúrbio de uma qualquer capital europeia. É preciso lutar sem tréguas contra o terrorismo. Isto implicará ser intransigente contra os que proclamam o ódio e melhorar as políticas que evitem que existam audiências para eles.

Mas acima de tudo é preciso demonstrar que não nos deixamos intimidar e que, na substância, tudo continua como dantes: somos sociedades abertas e não abdicamos de interagir com o resto da humanidade. Mesmo sabendo que pode acontecer o mesmo aqui ou noutro lado qualquer.

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