Incêndios: 10.416 fogos consumiram 141.000 hectares, mais 26.000 face a 2016

Este é o terceiro ano mais severo dos últimos 15 anos em termos de condições de temperatura e humidade. O risco de incêndio será muito elevado até sexta-feira.

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Adriano Miranda

Os 10.416 incêndios florestais registados este ano consumiram 141.000 hectares, mais 26.000 hectares do que no ano anterior, segundo dados provisórios divulgados esta quarta-feira pela Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC), que foram recolhidos pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). O valor, que não engloba as últimas ocorrências, é muito superior à média da última década: 44.960 hectares ardidos.

Até esta quarta-feira, foram registadas mais 2575 ocorrências de incêndio do que no ano passado, adiantou Rui Esteves, comandante nacional da ANPC. "Em 2016, com 7571 ocorrências tínhamos uma área ardida de 115.000 hectares, em 2017 temos uma área ardida de 141.000 hectares", sublinhou o comandante nacional no briefing semanal sobre os incêndios, em Carnaxide, Lisboa. Rui Esteves observou ainda que o índice de severidade meteorológica em 2017 tem valores que apenas foram superiores em 2005. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IMPA), este "é o terceiro ano mais severo dos últimos 15 anos".

"A severidade meteorológica" não é "apenas na temperatura, é também no índice de secura dos combustíveis e também no vento, que quando tem rajadas fortes provoca nos incêndios um desenvolvimento muito mais rápido e eruptivo", explicou Rui Esteves. Segundo o índice meteorológico de seca, em Julho, 16,5% do território estava em "seca moderada", 69,6% em "seca severa" e 9,2% em seca extrema.

Rui Esteves comentou que "um grande número de incêndios, com um índice de secura dos combustíveis muito baixo, provoca claramente" a situação registada nos últimos dias a nível de incêndios.

Em termos de previsão meteorológica, o comandante nacional afirmou que se prevê uma subida de temperatura a partir de quinta-feira, um vento sempre predominante do quadrante noroeste e uma humidade relativa no interior sempre abaixo de 20%, "o que, naturalmente, a acontecer uma ocorrência nessas zonas, será muito mais complexa".

"Esta situação vai trazer um agravamento da classe de risco de incêndio florestal para muito elevado ou mesmo máximo" até sexta-feira, adianta o responsável. Por isso, Rui Esteves apelou à população para ter "um comportamento assertivo e não um comportamento de risco" quando estiver "no interior da floresta". Questionado sobre a actuação do sistema de redes de emergência SIRESP, o comandante afirmou que não compete à ANPC, que é utilizadora do sistema, "fazer estatísticas e prestar contas sobre o SIRESP".

"O que aconteceu na semana passada em relação ao SIRESP é que nalgumas situações em que houve interrupções foram colocadas estações móveis para superar essas situações", adiantou. Contudo, salientou, entre 8 e 16 de Agosto "não houve situações complexas do ponto de vista do SIRESP".

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