Mariana pode chegar ao Japão. Para já, os seus desenhos conquistam milhares na Internet
Começou a desenhar aos 13 anos a ver tutoriais. Agora, com 17, Mariana Ferreira, Cherry Boniu na net, é um caso de sucesso no Tumblr, onde acumula milhares de "likes". O que se seguirá?
Na Internet é um caso sério de sucesso. Os desenhos que partilha na rede social Tumblr rendem-lhe likes sem fim, meio mundo de reblogs. É, para já, esta a única janela que o mundo tem para as ilustrações de Cherry Boniu. Acaba por ser natural. Afinal, para quem foi “aprendendo na net” os cantos do ofício, é uma forma de lhe retribuir e mostrar o que aprendeu durante os últimos cinco anos em que se tem dedicado ao desenho.
Fora do mundo virtual, Cherry Boniu responde por Mariana Ferreira, 17 anos, que acabou agora o ensino secundário na Escola Artística de Soares dos Reis, no Porto. Porém, grande parte do que aprendeu também foi a olhar para um ecrã. “Durante muitos anos fui vendo o estilo de vários artistas na Internet e todos me influenciaram", conta a jovem, para quem é "importante" agora construir um "estilo próprio". "Estou a combinar muitas influências, dou um toque meu e as coisas estão a evoluir."
A crescimento tem sido feito a um ritmo galopante, pelo menos a avaliar pelo feedback online. Uma das ilustrações, p r o c r a s t i n a t i o n, tornou-se mesmo viral, alcançando mais de 50 mil partilhas no Tumblr. É o resultado de um percurso que, na opinião de Mariana, começou na altura certa. “Quando tinha 13 anos e [via tutoriais] sobre como fazer, como desenhar, decidi que queria começar a trabalhar para isto. Às vezes diziam-me: 'Porque não esperas pelo secundário e entras numa escola de Artes?’. Mas sempre pensei que quanto mais nova fosse, mais rápido chegaria aquilo que quero.”
Acabaria por seguir o caminho da ilustração no ensino secundário, mas com um ligeiro desvio. É que se a arte e a tecnologia sempre andaram de mão dada no mundo de Mariana, no secundário, com a opção de web design, a simbiose torna-se completa. Reparou que “gostava de programar” e que, com isso, podia “pôr as ilustrações nos sites que criava”.
“Isto é muito fixe, mas é lá para fora”
Quem a viu na apresentação dos projectos finais da Soares dos Reis aponta para um futuro promissor. Pixar ou outro grande estúdio? “Gostava tanto”, afirma de imediato. “Em Portugal, as pessoas dizem-me ‘isso é muito fixe, mas é lá para fora’. Via-me a trabalhar como ilustradora, a trabalhar uma numa série de animação”, conta. Mas para já ainda é para o Porto que olha para encontrar inspiração.
Agora que acabou o ensino secundário, tem mais tempo para deenhar. Para já, olha para o futuro ainda como uma incógnita, mas está a considerar outras latitudes, prosseguir os estudos universitários no estrangeiro. Lisboa também é uma alternativa, mas não vê com maus olhos ficar perto do que bem conhece: o Porto. A cidade, diz, influencia-a e dá-lhe ideias para o que ilustra. É a casa que, praticamente, sempre conheceu. Uma cidade que também é morada de pessoas "de mente muito aberta", sempre prontas para apoiar e ajudar, que contribuiram para o processo de aprendizagem.
Quando não há Porto, há sempre a Internet a abrir o mundo. Ilustra esse facto com naturalidade: “Foco-me mais no estrangeiro porque comecei isto tudo na net. Já me disseram que [o que faço] é parecido com anime, mas até nem gosto muito. Vejo-me a trabalhar no Japão, no entanto."
Seja qual for a fonte de inspiração, “há sempre pessoas” no que Mariana passa para o papel, "sempre em meios naturais e surreais". E são sobretudo personagens femininas, com que é "mais fácil transmitir emoções". "É o tipo de coisas que não aprendo na escola, mas na Internet.”