Viva Inês Henriques!

Aprende-se muito com as palavras de Inês Henriques. Primeiro orgulhamo-nos, depois comovemo-nos e, quando parece já não haver lugar para mais, aprendemos.

A entrevista, feita por Marco Vaza, não é apenas extraordinária, pese embora a inflação desta palavra. É quase como um conhecimento. O leitor fica com a sensação feliz de ter conversado com Inês Henriques.

Há tantas coisas admiráveis no que ela disse como na inteligência, generosidade e nobreza com que fala. O título - "O que eu fiz é muito duro, mas o que a minha mãe faz todos os dias é muito mais" - está muito bem encontrado. Recuso-me a estragar o prazer de quem ainda não leu a entrevista mas basta dizer que ela explica porquê e muito mais.

É espantoso como a primeira reacção de Inês Henriques ao título mundial foi partilhar a vitória não só com o treinador Jorge Miguel, com o namorado e com os pais mas com todas as mulheres e todos os homens, atletas ou não, que lutam teimosamente contra as dificuldades da vida. 

Foi só ela que ganhou a medalha de ouro mas, ao dizer-se espantada e ao contar os temores, deu força aos atletas do passado, do presente e do futuro.

Ela dá força às mulheres, faz questão de nomear as dificuldades maiores que elas enfrentam  - a começar pelos terríveis preconceitos que se perpetuam.

Ela dá força às pessoas que têm 20 anos e àquelas que já não têm 20 anos. O franco-português Johann Diniz, que também ganhou uma medalha de ouro pelos 50 quilómetros marcha, tem 39 anos. Que grandes exemplos!

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