Trump encerra órgãos consultivos após debandada de empresários

Membros de dois conselhos económicos bateram com a porta após as declarações do Presidente dos EUA sobre Charlottesville.

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Trump com líderes de algumas das principais empresas dos EUA num encontro em Fevereiro LUSA/MICHAEL REYNOLDS

O Presidente norte-americano Donald Trump encerrou esta quarta-feira dois órgãos consultivos para assuntos económicos perante a demissão em catadupa de destacados empresários que integravam os conselhos.

“Em vez de colocar pressão sobre os empresários do Conselho de Manufactura e do Fórum de Políticas e Estratégia, vou acabar com ambos”, anunciou Trump através da rede social Twitter.

A decisão segue-se a uma acção concertada da parte de vários empresários em protesto contra as declarações do Presidente dos EUA em relação à violência da extrema-direita em Charlottesville, com Trump a abandonar uma condenação sem reservas de grupos supremacistas brancos e a insistir que a responsabilidade pela violência do fim-de-semana deve ser dividida entre os racistas e os seus opositores.

Ainda que o anúncio de Trump aparente ser um gesto preventivo, de modo a salvar a face perante a contestação da elite da classe empresarial norte-americana, o New York Times estebelece outra cronologia dos acontecimentos. Esta quarta-feira, o presidente-executivo do grupo Blackstone, Stephen Schwarzman, descrito pelo jornal nova-iorquino como um dos mais próximos conselheiros de Trump junto do sector privado, organizou uma teleconferência com os restantes membros do Conselho da Manufactura. Nessa reunião telefónica, noticia o NYT, os CEOs terão decidido abanadonar em bloco aquele órgão consultivo.

Segundo noticia ainda o Wall Street Journal, Schwarzman terá telefonado a Trump a dar conta da decisão dos empresários. Minutos depois, o Presidente norte-americano anunciava então a dissolução dos dois conselhos.

O Conselho da Manufactura incluía líderes de grandes empresas como a IBM, o Boston Group ou a Cleveland Clinic, entre outras companhias.

Até ao anúncio desta tarde, e ao longo dos últimos dias, os presidentes-executivos da Merck, Intel, 3M, Under Armour tinham já batido com a porta. Uma confederação industrial norte-americana e uma união sindical também tinham anunciado a sua saída do conselho.

O último acto público dos membros do Fórum de Políticas e Estratégia, por sua vez, foi a divulgação de uma nota, esta quarta-feira, a condenar o racismo e a intolerância.

Os dois órgãos não são determinantes na condução da política económica norte-americana e, como explica o NYT, tornaram-se nos últimos meses em fóruns eminentemente políticos. Trump apresentava a participação dos empresários como um voto de confiança do sector privado na sua liderança. As demissões dos últimos dias, no entanto, sublinham um progressivo distanciamento da elite empresarial em relação ao Presidente norte-americano.

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