Cartas ao director

PCP: prova de vida?

Já sabemos que nos tempos que correm ser comunista puro e duro é uma coisa meia religiosa, de fé e de dogmas. Assim, é normal existirem coisas do domínio do misterioso. Um dos mistérios destes dias, para mim, é o apoio do PCP aos “déspotas bolivarianos”. Se no passado, quando não havia Internet nem satélites, ainda se podiam imaginar coisas bonitas sobre Cuba e ignorar a ausência de liberdade, sem entrarmos noutras carências, sobre a Venezuela de hoje não há desculpa. [...] Para ajudar, ainda vejo posições de apoio à Coreia do Norte, contra o imperialismo americano. [...]. Tenho uma teoria especulativa para explicar estes mistérios. O PCP encontra-se apertado dentro da “geringonça”. Depois das reversões efusivamente saudadas, já ninguém sabe bem o que fazer para a ceia e, na prática, aquelas bandeiras históricas do sair da NATO, sair do euro, rasgar o tratado orçamental da EU, etc., começam a ganhar bolor. Gritar o apoio aos revolucionários do mundo acaba por ser uma forma de marcar diferença, uma prova de vida. Perigosa, no entanto, por ser intelectualmente muito desonesta.

Carlos J. F. Sampaio, Esposende

A fronteira

Temos um sistema político com osteoporose aguda, e o que devia ser claro para os cidadãos era: quais os partidos que defendem que ao Estado tudo compete, incluindo o desenvolvimento económico, e os que defendem que o Estado apenas se deve limitar às tarefas de representação, defesa nacional, justiça e a defesa da coesão social, defendendo os menos capazes; o resto, a economia e não só, deve ser da responsabilidade dos cidadãos através das suas capacidades empresariais e de gestão.

No Portugal de hoje, todos os partidos, mas todos, defendem uma sociedade Estado-dependente onde a iniciativa privada é vista como um mal e todos, em maior ou menor grau, querem mamar na teta do Estado, como dizia o genial Bordalo Pinheiro; destes, há um grupo de 200.000 militantes partidários, uns inúteis e yes-men que abanando com a cabeça ao chefe conseguem umas prebendas consoante o seu partido esteja na esfera do poder ou não; a isto chama-se ditadura dos partidos, nunca sistema democrático [...].

Ezequiel Neves, Lisboa

Sobre as reformas antecipadas

[...] As penalizações por reformas antecipadas e por “esperança de vida” foram agravadas no governo de Passos Coelho, mas iniciadas no governo de Sócrates. Penalizações que são, na prática, uma expropriação (para não usar nome mais feio) de descontos que os pensionistas fizeram nos seus ordenados, ao longo da vida, para a sua reforma. Que se limitem a propor que uma pequena parte vá melhorar (só os que fizeram trabalho infantil) nunca consolará a grande maioria dos outros, que continuarão massacrados. E que esperança podem ter de se vir a pôr fim às degradantes penalizações, acabando com tão grave humilhação e sofrimento de tantos milhares de idosos e deficientes que, por vicissitudes da vida, se viram forçados a pedir antecipação de reforma? [...]

António Nunes da Silva, Oeiras

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