Cartas ao director

O país a arder

Portugal está transformado num calvário terrível, em que os milhares de meios usados não chegam para impedir a destruição de pessoas, seus bens e de imenso património florestal. Confrange toda esta situação que mostra a grande insensibilidade, incompetência e falta de vontade política dos nossos dirigentes ao longo de décadas. Tenho publicado há anos nos principais jornais artigos, alertando, nomeadamente, para a necessidade de se agir com medidas preventivas. Em 26.07 e 08.08, respectivamente no PÚBLICO e no JN, sugeri vivamente o emprego de patrulhas (para)militares para impediram a acção de ateadores estranhos [...]. Quando se atacam de frente estes problemas que prejudicam muito mais a nossa população e economia do que o uso de algumas centenas de militares em patrulha apenas durante três/quatro meses por ano, bem como de certas medidas de ordenação florestal já largamente conhecidas?

António Catita, Lisboa

A classe

É preciso e é urgente meter os médicos na ordem. Esta classe de privilegiados faz finca-pé na exigência por mais e mais regalias. Já não lhes basta o chorudo nível de vida que gozam, as deslocações em topos de gama, as viagens injustificadas para suspeitos congressos sem lá terem posto os cotos, as ricas férias em paraísos à sombra da bananeira, as benesses facilitadas pelos laboratórios, e ainda querem mais e melhor. Senhores de vantagens diversas, proprietários em pouco tempo de bens e de ganhos arrecadados por vários ganchos praticados em espalhados centros de saúde e clínicas sob suas gestões, ainda têm tempo para lançar ultimatos ao Governo da nação e ao ministro que os tutela, com o apoio arrogante do bastonário que os incita à greve. [...] É uma sorte encontrar um que fuja deste padrão, que os há, raros com certeza. Precisamos de um Governo que ponha travão a tanto ultimato classicista, que se levanta por dá cá aquela palha, e sem qualquer promessa de dar em troca deveres e obrigações de mais aplicação e de melhor entrega no serviço público que lhes é exigido dar, aos que a eles recorrem com alguma legítima confiança. [...]

Joaquim A. Moura, Penafiel

No cravo e na ferradura

O PSD, pela voz de Passos Coelho e Hugo Soares, adoptou um novo e doce discurso sobre o Governo. Crise de estabilidade no país por efeito do Governo? Qual quê, nada! O Governo está sólido e recomenda-se, dizem eles. E quando se fala da postura relativamente à Venezuela dos últimos tempos, não se pode elogiar mais o ministro dos Negócios Estrangeiros. Se isto é um “enigma”, a resposta parece simples e vem, em vias travessas, numa crónica de Miguel Esteves Cardoso da semana passada: “Ninguém acredita num pasquim que só transmite más notícias.” Quer dizer que, de vez em quando, o PSD tem conveniência em amaciar o discurso; quando não, as pessoas cansam-se da maledicência continuada mas não confirmada. Nem sempre na ferradura, pois claro.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

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