“A mais antiga feira da Península Ibérica é também a mais moderna”

O Espaço História é uma das novidades da edição 625 da Feira de S. Mateus que decorre em Viseu até 17 de Setembro. Um lugar para descobrir as histórias de uma feira-exposição que era no início do século XX o “festival de verão”

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A Feira Franca de S. Mateus instala-se durante cinco semanas no Campo de Viriato, em Viseu. Um evento secular — esta é a edição 625 — que aposta na modernidade mas que quer seduzir os forasteiros com a sua história.

Até 17 de Setembro, mais de 120 eventos integram uma das feiras mais antigas da Península Ibérica. Se o cartaz musical que aposta em presenças internacionais lhe confere o estatuto de “festival urbano”, é o artesanato, a gastronomia e as diversões que lhe dão o cariz popular.

Em ano de aniversário redondo, a entidade organizadora da Feira (Viseu Marca) resgatou as histórias à volta deste evento, resultado do trabalho feito por uma equipa de historiadores e investigadores que durante quase quatro anos recolheu memórias e documentos e que agora dá a conhecer ao público no Espaço História.

Este ano, a Feira Franca assinala não só os 625 anos mas também os 90 da feira-exposição, um conceito que chegou a Viseu em 1927 pela mão do capitão Almeida Moreira, governante que se inspirou em outros eventos realizadas no estrangeiro. De uma feira que, na época da I Guerra Mundial quase que desaparecia, passou-se para um acontecimento onde já constavam espectáculos de circo, magia, touradas e actuações de orquestras e ranchos. Hoje um dos ex-líbris da Feira, as farturas já tinham sido introduzidas, no entanto, na primeira década do século XX.

“Mas foi o ano de 1927 que marcou a contemporaneidade desta Feira. Foi quando terá surgido o primeiro cartaz oficial com a programação e que era enviado para os caminhos-de-ferro para ser espalhado pelo país”, conta o historiador Luís Fernandes. Foi também nesta altura que se introduziu a ideia de uma feira de luz e o fogo de artifício. Os bailes no Salão de Chá dos Bombeiros e as sessões de cinema faziam parte da animação naquela que começava a ser uma “cidade feérica”, uma “cidade dentro da cidade”.

“A partir de 1928, os festivais de Verão eram estas feiras-exposição que apresentavam as novidades desde os electrodomésticos às alfaias agrícolas e que apostavam na iluminação”, recorda o historiador.

A feira moderna

E é a ideia de uma feira com pórticos apelativos e iluminação que foi recuperada para a actual Feira de S. Mateus. Segundo o presidente da Viseu Marca, João Cotta, este ano é o “maior espectáculo de luz em Portugal”, com mais de 285.000 lâmpadas. Os pórticos fazem lembrar os anos 60 e 70.

“A mais antiga feira ibérica é também hoje a mais moderna”, sustenta, contudo, o presidente da Câmara de Viseu. Almeida Henriques fala de um certame que é “um projecto intenso de revitalização histórica, modernização da organização e requalificação da sua infra-estrutura” e que “vive hoje, de novo, um tempo áureo”.

Das novidades para esta edição, o autarca destaca os seis domingos de entrada livre, as novas ruas dedicadas às iguarias gastronómicas e ao artesanato a que se junta um cartaz “de grande qualidade e para todas as gerações” que mistura músicos internacionais com artistas locais. “Um festival urbano dentro de uma feira-festa”, sustenta.

Em palco vão estar nomes como os brasileiros Seu Jorge ou Paula Fernandes, mas também AGIR e Diogo Piçarra, Marco Paulo, José Cid, e ainda Savanna, Capitão Fausto e You Can’t Win Charlie Brown.

Com um orçamento de 1,7 milhões de euros, o autarca garante que se trata de um projecto auto-sustentável e espera que se repita o milhão de visitantes que passaram pelo recinto na edição do ano passado.     

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