Desenhos de Giacometti encontrados no espólio de uma antiquária de Londres

Traçados a lápis nos dois lados de uma mesma folha, foram descobertos sob uma pilha de pinturas e desenhos empoeirados. Nunca antes mostrados em público, vão ser leiloados em Outubro.

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Dois desenhos atribuídos ao escultor e pintor suíço Alberto Giacometti (1910-1966), um dos mais valorizados artistas do século XX, foram encontrados no espólio de uma pequena loja de antiguidades londrina cuja proprietária, Eila Grahame, morreu em Novembro de 2009.

Encarregada, em 2016, de inventariar e vender o recheio da loja, uma leiloeira de Cambridge, a Cheffins, descobriu estes dois desenhos, que já foram analisados e autenticados, em Paris, pela Fundação Giacometti, que os adicionou ao catálogo raisonné do artista.

Desenhados a lápis na frente e no verso de uma mesma folha de papel, estão datados de 1947 e nunca foram mostrados em público. O primeiro, intitulado Têtes, é um conjunto de esboços de rostos, e o segundo, Nu Debout, mostra uma mulher nua, em pé, numa sala.

A folha com os dois desenhos, cujo valor foi estimado pela Cheffins entre 44 e 64 mil euros, vai à praça a 12 de Outubro, juntamente com outras peças da colecção de Eila Grahame, num leilão cujos proventos reverterão a favor do Art Fund, uma instituição britânica de apoio às artes.

Um director da Cheffins, Martin Millard, observa que o timing desta descoberta foi “perfeito”, já que a Tate Modern está a mostrar uma grande retrospectiva do artista, e o biopic The Final Portrait, de Stanley Tucci, com Geoffrey Rush no papel de Giacometti, tem estreia marcada no Reino Unido para o próximo dia 18.

A Cheffins encontrara uma menção a estes desenhos num anterior inventário do espólio de Grahame, mas pensava-se que teriam sido vendidos há muito e que estavam desaparecidos. E só se conheciam os títulos, não havia qualquer informação sobre o suporte, nem se sabia que estavam desenhado nos dois lados de uma só folha. “Acabámos por encontrá-los soterrados debaixo duma pilha de pinturas e desenhos muito empoeirados”, conta Millard.

Especializada em peças de vidro do século XVIII, a loja de Grahame, no número 97C de Church Street, no bairro de Kensington, era uma verdadeira instituição numa rua cheia de antiquários. E Eila Grahame, que se orgulhava de descender de um dos vários maridos de uma filha do rei escocês Roberto III, era conhecida pelo seu mau-feito – se antipatizava com o cliente, não vendia –, mas também pelos seus sólidos conhecimentos e intuições certeiras.

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