Drone obriga dois voos a abortar aterragem em Lisboa, um divergiu para o Porto

A ANA – Aeroportos refere que as duas aeronaves interromperam a aterragem por prevenção. Um dos aviões aterrou minutos depois, o outro teve de aterrar no aeroporto do Porto.

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Desde o início do ano, já se registaram 17 ocorrências com drones Paulo Pimenta

A presença de um drone nas proximidades do Aeroporto de Lisboa obrigou, no domingo, dois voos a abortarem a aterragem, tendo um deles divergido para o Aeroporto do Porto, confirmou a ANA – Aeroportos à agência Lusa nesta terça-feira.

"Confirmamos que recebemos informações, segundo as quais vários comandantes terão reportado à NAV [entidade responsável pela gestão do tráfego aéreo] a existência de um drone na aproximação da pista 3, fora do alcance visual a partir do aeroporto. A situação foi comunicada à PSP", refere a ANA, em resposta escrita enviada à Lusa.

Contactado pela Lusa, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP indicou que recebeu uma chamada, pelas 18h45 de domingo, a dar conta da presença de um drone (veículo aéreo não tripulado) a sobrevoar a Avenida Estados Unidos da América, em Lisboa, acrescentando que, quando os polícias chegaram ao local, "já não encontraram nada".

A ANA diz que não foi necessário encerrar o aeroporto, mas a ocorrência afectou vários voos.

"O aeroporto não esteve fechado, no entanto, de forma preventiva, duas aeronaves foram instruídas pela torre [de controlo] a interromper a aproximação, uma das quais decidiu divergir para o Porto", sublinha a gestora dos aeroportos nacionais.

Fonte oficial da NAV explicou à Lusa que um avião da companhia aérea Ryanair, proveniente de Marselha, "foi instruído" pela torre de controlo a abortar uma primeira aterragem quando já estava na fase final da mesma, tendo aterrado uns minutos depois sem qualquer problema. O segundo voo trata-se de um avião da Easyjet, proveniente de Paris, que, depois de também ter abortado a aterragem, no seguimento das instruções dadas pelos controladores aéreos, optou por divergir para o Aeroporto do Porto.

A NAV acrescenta que as aterragens no Aeroporto de Lisboa "estiveram suspensas entre as 18h40 e as 18h52" e que o incidente com o drone "atrasou a aterragem de outros cinco voos". Na resposta escrita, a ANA - Aeroportos reconhece que estas ocorrências devem ser analisadas com "a máxima seriedade".

"Todas as situações que podem representar um risco para a segurança dos voos são consideradas com a máxima seriedade. Tratando-se de um incidente no espaço aéreo, sugerimos o contacto com a NAV e com a ANAC [Autoridade Nacional da Aviação Civil] para recolha de informação mais pormenorizada sobre o incidente", salienta a ANA – Aeroportos.

A aviação civil reportou até hoje 17 ocorrências com drones desde a entrada em vigor do regulamento (13 de Janeiro), que proíbe o voo destes aparelhos a mais de 120 metros de altura e nas áreas de aproximação e descolagem dos aeroportos.

Estes incidentes com drones, quase todos registados nas proximidades dos aeroportos de Lisboa e do Porto, acontecem quando estes aparelhos violam o regulamento e aparecem na vizinhança, nos corredores aéreos de aproximação aos aeroportos ou na fase final de aterragem, a 400, 700, 900 ou a 1200 metros de altitude, segundo alguns destes relatos.

Dois dos últimos incidentes com drones aconteceram na tarde de 10 de Julho, no Porto, e na manhã seguinte, em Lisboa: a 10 de Junho um Airbus 320 da Brussels Airlines "passou por um drone que estava à sua direita", a 1800 metros de altitude, pelas 13h45, pouco depois de ter descolado do Aeroporto do Porto, disse fonte aeronáutica à Lusa. Pelas 8h de 11 de Julho, na zona de Alcântara, um Embraer 190 da TAP, proveniente de Nice, em França, reportou um drone a 600 metros de altitude, quando se preparava para aterrar no Aeroporto de Lisboa.

O Conselho de Ministros aprovou em Julho o decreto-lei que estabelece um sistema de registo obrigatório de drones, impondo um seguro de responsabilidade civil e criando um regime sancionatório, para reforçar a segurança dos cidadãos e proteger o sector. O documento irá ainda para consulta pública.

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