Principal opositor de Maduro regressa a prisão domiciliária

Leopoldo López voltou para casa inesperadamente, depois de quatro noites na prisão de Ramo Verde.

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López fotografado a 8 de Julho, à porta de casa, quando foi mandado para prisão domiciliária pela primeira vez EPA/MIGUEL GUTIERREZ

O opositor venezuelano Leopoldo López, que na quinta-feira tinha sido detido, regressou a casa, onde irá permanecer em regime de prisão domiciliária. A notícia foi divulgada esta noite através do Twitter pela mulher de López, Lilian Tintori: “Acabam de trazer Leopoldo a casa. Seguimos com mais convicção e firmeza para alcançar a paz e a liberdade da Venezuela”.

Tal como Leopoldo López, também Antonio Ledezma, antigo presidente da área metropolitana de Caracas e outro dos principais rostos da oposição venezuelana, esteve detido na última semana na prisão de Ramo Verde, tendo sido libertado na sexta-feira.

Segundo o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, os dois homens foram levados para a prisão por suspeita de que estariam a preparar a sua fuga do país.

López, detido em Fevereiro de 2014 e condenado em Setembro de 2015, está a cumprir uma sentença de quase 14 anos de prisão por instigação pública, associação criminosa, danos à propriedade e incêndio nas violentas manifestações de 2014.

A sentença do líder mais radical da oposição a Nicolas Maduro foi ratificada no início deste ano pelo Supremo Tribunal, encerrando qualquer possibilidade recurso. O antigo prefeito de Chacao, o mais pequeno dos cinco municípios de área metropolitana de Caracas, que já tinha ganho protagonismo na oposição a Hugo Chávez, estava a cumprir pena em Ramo Verde.

A 8 de Julho foi transferido para prisão domiciliária, uma benesse que lhe foi concedida graças ao processo de mediação protagonizado pelo ex-presidente do Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, como recorda o El País.

Porém, um volte face no processo de mediação a favor do líder da Voluntad Popular (que fontes próximas de Maduro explicaram como tendo resultado do facto deste ter recusado a proibição de fazer declarações públicas), em véspera das eleições constituintes de 30 de Julho, levou-o de novo à cadeia. O mesmo aconteceu com Ledesma, que no entanto já beneficiava do regime de prisão domiciliária desde Abril de 2015.

Os dois presos políticos regressam a casa num momento em que o clima de tensão no país não dá mostras de abrandar. No sábado, aquela que foi a primeira jornada de trabalho da recém-eleita Assembleia Constituinte ficou marcada pelo anúncio da destituição sumária da procuradora-geral, Luisa Ortega, depois do cerco ao Ministério Público pela Guarda Nacional Bolivariana.

A procuradora, que abriu vários inquéritos aos abusos das forças de segurança na repressão aos protestos anti-governamentais que, desde Abril, já causaram a morte a 120 pessoas, também mandou investigar as alegadas ilegalidades cometidas durante a votação e contagem dos resultados da eleição para a nova assembleia.

Segundo a EFE, este domingo deverá ficar instaurada uma “comissão da verdade”, dentro da Assembleia Constituinte, um órgão que terá como finalidade averiguar os episódios de violência que marcaram os protestos anti-governamentais, muitos deles promovidos pelo partido de Leopoldo López.

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