Maradona e Nápoles continuam a ser inseparáveis

Diego Maradona jogou no Nápoles entre 1984 e 1991. Maradona Júnior, primeiro filho de El Pibe, nasceu na cidade e agora vai jogar por um emblema local do sexto escalão

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“Ama o futebol, odeia o racismo!” é o lema que guia o Afro-Napoli United DR

Numa altura de transferências milionárias e bombásticas, esta tinha tudo para causar sensação: Diego Maradona regressou a Nápoles para jogar por um emblema do sexto escalão. Só que, aos 56 anos, El Pibe já deixou há muito para trás a vida de futebolista. Falamos de Diego Armando Maradona Sinagra, o primeiro filho do astro argentino, que nesta temporada vai representar o Afro-Napoli United.

O nome Maradona e Nápoles continuam a ser inseparáveis. Depois da história escrita pelo pai, campeão de Itália e vencedor da Taça UEFA pelos “azzurri”, o filho vai integrar uma equipa com objectivos nobres, que vão para além do plano desportivo: o Afro-Napoli United foi fundado em 2009 para combater a discriminação e promover a integração de imigrantes, sobretudo africanos. Em oito anos de existência, o clube conseguiu chegar ao sexto escalão do futebol italiano, onde voltará a competir esta época.

“Ama o futebol, odeia o racismo!” é o lema que guia o Afro-Napoli United, que no site oficial se descreve como uma “equipa multiétnica”. O projecto surgiu em 2009 para promover a convivência e inclusão entre napolitanos e migrantes. “Fazer parte de uma equipa de futebol oferece várias oportunidades de aprendizagem social e de desenvolvimento de competências transversais, independentemente da origem cultural de cada um”, acrescenta o clube, pelo qual já passaram atletas de Senegal, Costa do Marfim, Nigéria, Cabo Verde, Níger e Tunísia. Mais recentemente, a equipa contou também com jogadores de países europeus, asiáticos e sul-americanos. “Alguns ainda não encontraram ocupação, ou perderam-na porque têm dificuldades em falar a língua. Outros, pelo contrário, estão perfeitamente integrados no tecido social”, sublinha o Afro-Napoli United.

Depois de inicialmente estar reduzido a disputar torneios não oficiais devido ao elevado número de estrangeiros na equipa, o clube teve autorização para competir nas provas oficiais, graças a uma excepção aberta pela Federação italiana de futebol. E, com promoções consecutivas, chegou ao sexto escalão, terminando no ano passado em quarto lugar.

A expectativa para a nova temporada é fazer melhor e a construção da equipa tem vindo a decorrer a bom ritmo. O treinador Salvatore Ambrosino tem recebido reforços regularmente, o mais sonante deles com o apelido Maradona: apesar de nunca ter tido uma carreira à altura da do pai, o primeiro filho de El Pibe despertou atenções para o Afro-Napoli United. Com um trajecto feito em clubes de escalões inferiores (representou uma vez a selecção italiana sub-17 e também jogou futebol de praia), Maradona Júnior mostrou-se satisfeito por vestir a camisola verde e branca: “Espero poder dar o meu contributo, porque partilho das ideias técnicas e sociais deste clube”, afirmou.

Após vários anos sem qualquer relação, Maradona pai e Maradona filho aproximaram-se em 2007, quando El Pibe reconheceu a paternidade de Diego Sinagra. Os dois já alinharam juntos dentro das quatro linhas, num jogo de beneficência em 2016, e de vez em quando o filho partilha fotos com o pai nas redes sociais. Em termos futebolísticos, um mundo de diferenças separa as carreiras de ambos. Mas terão sempre Nápoles para uni-los.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos. Ouça também o podcast

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