EDP consegue apenas 82,56% da EDP Renováveis

Empresa de energias limpas mantém-se cotada na bolsa de Lisboa. A EDP, liderada por António Mexia, só conseguiu comprar 5% do capital da EDP Renováveis.

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A EDP vai pagar 296 milhões de euros por 5% da EDP Renováveis Nuno Ferreira Santos

A Euronext Lisboa anunciou esta sexta-feira que a EDP conseguiu obter 82,56% dos direitos de voto da EDP Renováveis através da oferta pública de aquisição (OPA) lançada no mês passado.

A oferta que estava a decorrer desde 6 de Julho incidia sobre 196.024.306 acções da EDP Renováveis, equivalentes aos 22,74% do capital social da empresa que a EDP ainda não detinha. Para isso a eléctrica propunha-se investir um total de de 1.300 milhões de euros (através de um financiamento do Santander), pagando 6,8 euros por cada título nas mãos dos minoritários.

Segundo a informação divulgada pela Bolsa de Lisboa, a EDP conseguiu garantir na oferta apenas 43.907.516 títulos, equivalentes a 5,03% dos direitos de voto. Como resultado, a EDP passou a deter cerca de 720 mil títulos da Renováveis, equivalentes a 82,56% dos direitos de voto.

Logo no anúncio preliminar da oferta, divulgado a 27 de Março, a empresa tinha admitido “requerer a retirada das acções" da EDP Renováveis da bolsa de Lisboa, caso viesse a deter, em resultado da OPA, acções que ultrapassassem 90% dos direitos de voto correspondentes ao capital social da empresa de energias limpas.

O objectivo não foi alcançado. E “a EDP Renováveis mantém-se no Índice PSI-20”, lê-se no anúncio da Euronext Lisboa.

Contactada pelo PÚBLICO, a EDP salientou que a oferta "foi voluntária e sem quaisquer condições" e que, por isso, a empresa "está totalmente confortável com este resultado".

"O resultado da oferta representa um passo positivo no alcance dos objectivos estratégicos comunicados pela EDP, nomeadamente de reforçar a cooperação e integração do negócio das renováveis" e de simplificação da sua estrutura de capital, disse fonte oficial da empresa. Também destacou que, "no curto prazo", a EDP "não irá promover uma reestruturação corporativa" da EDP Renováveis, como por exemplo realizar uma "fusão transfronteiriça".

Uma das advertências feitas pela EDP aos accionistas – a de que não vender na OPA seria manter em carteira um título com o historial de liquidez mais baixo entre empresas congéneres que também foram alvo de ofertas semelhantes – parece ter pesado menos do que o argumento preço.

A contrapartida 6,8 euros oferecida pela EDP (6,75 euros, uma vez ajustado ao dividendo de cinco cêntimos pago em Maio) sai mal da comparação com os oito euros a que a empresa entrou em bolsa em 200, e ainda pior da comparação com os 11,73 euros de que falava a gestora de activos norte-americana MFS Investment, que representa clientes com 4% do capital da EDP Renováveis.

A 24 de Julho, a MFS Investment anunciou que não pretendia vender os 35,5 milhões de títulos da EDP Renováveis que tinha no portefólio, pelo preço oferecido, apelando a outros accionistas minoritários que também recusassem fazê-lo.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a EDP comunicou que a oferta concluída na quinta-feira lhe vai custar um total de 296 milhões de euros, prevendo-se que a liquidação física e financeira dos títulos ocorra na próxima terça-feira.

 

 

 

 

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