Portugal a voar mais alto

O potencial da indústria aeronáutica portuguesa é uma realidade à vista de todos.

Realizou-se recentemente em Paris o maior evento do setor da aviação mundial. Ao longo de uma semana, Le Bourget foi a montra para o mundo das novidades trazidas pelos mais importantes fabricantes, para a assinatura de contratos e conhecer as tendências futuras do setor. Para Portugal foi também um momento de afirmação da qualidade e das competências da indústria aeronáutica nacional.

Longe vão os tempos em que falar de aviação e de aeronáutica significava para Portugal a realização de um trabalho mais operacional e menos concetual e de planeamento. Hoje, a engenharia aeronáutica está em clara afirmação em Portugal, tendo conseguido a proeza de superar Medicina como o curso superior com média mais alta de ingresso em 2016.

Claramente, esta situação não se deve ao acaso mas sim a um movimento estratégico desenvolvido ao longo das últimas duas décadas, com o contributo das empresas mas também da academia e dos centros de investigação que colocaram Portugal no “radar” dos principais fabricantes aeronáuticos. O KC-390, que conta com um forte envolvimento da engenharia portuguesa, com longas horas de investigação e desenvolvimento do CEiiA, e com o trabalho da OGMA, da Embraer Évora e de mais de uma dezena de empresas que formam uma cadeia de fornecimento flexível e maioritariamente nacional, é apenas um dos bons exemplos desta realidade.

A OGMA é também ela um exemplo de como Portugal se afirmou no panorama internacional da aeronáutica e despertou o interesse dos maiores nomes da indústria internacional. Detentora de um legado único no mundo, a OGMA continua hoje a ser sinónimo de aeronáutica de excelência. A ligação histórica no suporte à Força Aérea Portuguesa abriu portas à internacionalização da OGMA, permitindo colocar o conhecimento e a experiência ao serviço de outras forças aéreas internacionais. Mais tarde, com uma aposta estratégica na aviação comercial e executiva, as características únicas da OGMA, que lhe permitem atuar simultaneamente em manutenção aeronáutica e na fabricação e montagem de aeroestruturas, bem como a sua localização geoestratégica, fez com que grandes players mundiais, como a Embraer, a Lockheed Martin ou a Rolls-Royce, encarassem Portugal como uma plataforma para entrar ou reforçar a presença no mercado europeu sem perder de vista oportunidades em África.

O potencial da indústria aeronáutica portuguesa é uma realidade à vista de todos. É importante que a ideia de um cluster aeronáutico passe do papel para a realidade. Isso será benéfico para todos aqueles que já integram o setor mas será igualmente decisivo para captar outras empresas, seja através de investimento de fabricantes internacionais, como também de empresas que podem integrar a cadeia de fornecedores, fazendo com que seja crescente a presença portuguesa no produto final. Os ganhos económicos associados são claros e a aposta numa indústria exigente, com elevados padrões de qualidade, requer também uma aposta ao nível da educação e formação, com engenheiros e técnicos preparados para responder a estes desafios.

O caminho da indústria aeronáutica portuguesa tem tudo para ser uma rota para o sucesso. Do lado da OGMA, esta realidade dá-nos toda a confiança para entrar no 100.º aniversário em 2018 motivados e com desejo de fazer crescer ainda mais a empresa. Temos tudo para continuar a voar cada vez mais alto.

O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico

Sugerir correcção
Comentar