Inimigos da democracia, lá e cá

Nicolás Maduro, o mais recente membro do clube de ditadores, é apoiado por um partido português.

A Venezuela deixou de ser uma democracia. Tem presos políticos, tem um governo com um líder autocrático, tem os tribunais manietados, a tropa está na rua para impedir a liberdade e a nação está a caminho de possuir uma Constituição ilegítima.

Dois líderes da oposição voltaram a ser detidos durante a noite, sem indicação do local para onde iam, nem identificação dos agentes envolvidos. Leopoldo López e Antonio Ledezma estão condenados em processos que são políticos — que devem agora estender-se a outras figuras que se opõem ao Governo. Trezentos e setenta mil soldados estão mobilizados desde sábado para garantir que o poder se mantém do lado do Governo, de preferência com menos manifestações activas e com mais liberdades suprimidas.

O líder Nicolás Maduro continua a fuga para a frente, porque tudo o que está a acontecer visa apenas e só manter o poder. Não importa quantos venezuelanos morram de fome ou dos tiros antimanifestantes. A única coisa que importa a Maduro é manter a liderança — o poder e o seu programa de rádio em que continua a passar salsa para entreter as massas que ainda o escutam. Este é o mesmo homem que acusou potências estrangeiras de infectar Chávez com cancro, que governa por decreto, que destruiu o tecido produtivo em nome de uma política corrupta para beneficiar os seus aliados e tornar o território uma plataforma privilegiada para o tráfico de droga.

As instituições internacionais não se deixam enganar: os Estados Unidos já condenaram o regime e apreenderam os bens dos líderes; o Parlamento Europeu pede que a União Europeia faça exactamente o mesmo; a Amnistia Internacional acusa o Governo de tentar desesperadamente silenciar todas as formas de crítica e de estar a arrastar o país para a ruptura; e o responsável das Nações Unidas pelos direitos humanos assume estar profundamente preocupado com a situação dos presos políticos.

É incompreensível que se continue a defender este regime, como o faz o PCP. Não é uma novidade histórica, muito menos vindo de quem se mantém admirador da Coreia do Norte. Mas é grave que assim seja e é prova do atraso que vive quem insistem em olhar para o mundo com os olhos cegos pela ideologia. A liderança comunista portuguesa assume-se como cúmplice dos polícias que matam manifestantes e das políticas que matam os venezuelanos à fome. No meio há portugueses.

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