Governo reconhece que presos não têm tido o mesmo acesso aos tratamentos para a hepatite C

A estimativa do Governo é que existem 1500 reclusos a necessitarem destes tratamentos.

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“Queremos que esta população não esteja esquecida”, disse Fernando Araújo Ricardo Campos

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde reconheceu nesta segunda-feira que os presos não têm tido o mesmo acesso que o resto da população aos tratamentos contra a hepatite C, uma situação que conta inverter com protocolos de cooperação agora assinados.

Fernando Araújo falava aos jornalistas no final de uma visita ao Hospital Prisional São João de Deus, em Caxias, para acompanhar as condições de aplicação de um despacho conjunto que visa melhorar o acesso da população reclusa, jovem e adulta, ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) em condições de igualdade dos demais cidadãos.

Acompanhado pela secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Fernando Araújo visitou alguns doentes internados nesta unidade de saúde da responsabilidade do Ministério da Justiça, um dos quais aproveitou a ocasião para agradecer aos profissionais de saúde por lhe terem salvado a vida.

“Cheguei aqui e estava a morrer. Eles salvaram-me”, disse José emocionado, na véspera de ser um homem livre. Por essa razão, e por deixar de ser um recluso a partir de terça-feira, vai ser transferido para o Hospital de Cascais, onde acabará o tratamento.

Chegou ao Hospital de Caxias muito doente, pois apanhou uma infecção hospitalar numa unidade de saúde onde estava a ser tratado a uma infecção respiratória.

No final desta visita, Fernando Araújo afirmou que a população reclusa “nem sempre tem tido as mesmas igualdades” de acesso, apesar dos seus “problemas específicos, como ao nível da saúde mental, infecções víricas, entre outras, e nos quais compete à Saúde, em articulação com a Justiça, encontrar soluções adequadas”.

De acordo com os protocolos assinados nesta segunda-feira, os profissionais de saúde dos hospitais de referência das prisões irão deslocar-se a estas instituições para administrar os tratamentos, nomeadamente ao nível das infecções víricas.

A população reclusa é um dos focos da estratégia contra a hepatite C que através dos tratamentos inovadores está a conseguir taxas de cura na ordem dos 96%.

“É tempo de olhar para as populações que não têm tido este tipo de tratamento (toxicodependentes, reclusos e migrantes)”, adiantou.

A estimativa do Governo é que existem 1500 reclusos a necessitarem destes tratamentos. “Queremos que esta população não esteja esquecida”, disse Fernando Araújo.

Para a secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Helena Mesquita Ribeiro, esta desigualdade no acesso aos tratamentos aconteceu porque “não se uniram os esforços, nem se conjugaram as vontades que os ministérios da Saúde e da Justiça decidiram agora encetar”.

“É uma questão de humanidade para com estas pessoas e de responsabilidade pelo que é a missão do Estado de garantir saúde pública para todos e também para a população reclusa”, disse aos jornalistas.

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