GNR diz que “touro de fogo” das festas de Benavente foi "simulado"

Ministério da Administração Interna respondeu às questões colocadas pelo PAN. E garantiu que o dispositivo policial previsto para as festas, em Junho, foi "adequado".

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Bruno Simoes Castanheira

A GNR não confirma o episódio de “touro de fogo”, denunciado por cidadãos e associações de defesa dos animais, nas festas de Benavente. Os agentes dizem que viram, no entanto, que “vários elementos da comissão de festas terão tentado simular” a prática com recurso a material pirotécnico, lê-se na resposta do Ministério da Administração Interna (MAI), com base na informação prestada pelo Comando Geral da GNR, às perguntas colocadas pelo grupo parlamentar do PAN - Pessoas-Animais-Natureza.

Numa pergunta entregue no Parlamento, a 26 de Junho, o deputado do PAN, André Silva, questionou a ministra da Administração Interna sobre o sucedido nas Festas da Amizade, que se realizaram a 22 e 23 de Junho em Benavente. O partido recebeu denúncias e partilhou na sua página do Facebook um vídeo de um alegado episódio de “touro de fogo”. Comum em Espanha, a prática consiste em atear fogo a panos embebidos em material inflamável, presos aos cornos do animal.

O PAN questionava como se realizou este evento, que tinha sido proibido pela autarquia e cuja proibição era do conhecimento da GNR de Santarém, e qual foi a actuação das autoridades depois das denúncias na noite de dia 23. Interrogava ainda se foi aberto ou há intensão de abrir um “inquérito interno na GNR para apurar eventuais falhas na gestão e patrulhamento da referida festa popular”.

A resposta do MAI tem a data de quarta-feira. Nela lê-se que, na madrugada de dia 23 de Junho, a GNR esteve na Avenida Manuel Lopes de Almeida, uma zona delimitada do recinto das festas, depois de ter recebido denúncias de que o “touro de fogo” estava a ser feito “por vários populares”. Ao contrário do que fora anteriormente noticiado, “não foi possível confirmar a denúncia”, lê-se na resposta.

Os agentes deram conta, no entanto, que “vários elementos da comissão de festas terão tentado simular o ‘touro de fogo’” com recurso a material pirotécnico. Estavam destacadas no terreno três patrulhas, para segurança e policiamento do evento, e estavam outras duas de reserva, lê-se na resposta do MAI.

O ministério confirma que, no dia 22, a GNR tinha sido informada que estava no programa das festas a realização do “touro de fogo” na noite seguinte. As denúncias levaram a autoridade a reunir com a comissão de festas e a Câmara Municipal de Benavente, que informaram que a actividade tinha sido cancelada.

A resposta do ministério vem apoiar a posição do presidente da câmara de Benavente que garantiu, dias depois do sucedido, que “o que aconteceu não foi ‘touros de fogo’". "Algumas pessoas decidiram colocar uma pequena estrutura em ferro acoplada aos cornos de um touro, onde colocaram pequenos foguetes usados nos bolos de aniversário que arderam durante 30 ou 40 segundos. Não provocou qualquer ferimento no animal”, afirmou à agência Lusa.

O autarca referiu ainda que a actividade, que tinha sido programada sem conhecimento prévio do município, foi cancelada no dia em que as denúncias chegaram à GNR. A autarquia justificou a decisão por esta não ser uma tradição do concelho e por ter recebido um parecer desfavorável da Direcção-Geral de Veterinária.

O MAI acrescenta que o dispositivo policial era "adequado" e que, assim que foi "apurada a realização, ainda que simulada, do 'Touro de Fogo' e por existirem indícios de eventual ilegalidade praticada pela organização da festividade", a situação foi participada ao Ministério Público e à Inspecção-Geral das Actividades Culturais.

O Ministério Público abriu a 26 de Junho um inquérito crime, coadjuvado pela GNR, sobre o caso.

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