Depois de Pedrógão e Mação, Marcelo foi a Nisa

Presidente da República visitou locais de apoio aos bombeiros e militares e a aldeia de Amieira do Tejo, que esteve ameaçada pelas chamas.

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O incêndio de Vila Velha de Ródão começou há uma semana e este domingo ainda há 28 bombeiros no local com quatro viaturas. Reuters/RAFAEL MARCHANTE

Depois de Pedrógão Grande e Mação, o Presidente da República visitou este domingo à tarde o concelho de Nisa, no distrito de Portalegre, fustigado por três incêndios florestais na última semana, onde elogiou o papel dos bombeiros, das Forças Armadas e de voluntários.

Marcelo Rebelo de Sousa começou por visitar a cantina do centro escolar da vila de Nisa, onde foram servidas as refeições aos bombeiros e militares empenhados no combate às chamas, tendo elogiado o "papel cívico" dos voluntários, além de se mostrar "impressionado" com a organização, "num espaço de tempo muito concentrado" de quatro dias. Ainda na sexta-feira, os bombeiros tinham tornado públicas algumas críticas sobre a quantidade de comida que recebiam no terreno e as horas a que ela era distribuída.

"Há muita gente a necessitar e mais voluntários do que eu tinha pensado", disse, considerando que, no que respeita aos incêndios em Portugal, se está em tempo de "consolidar a situação".

Acompanhado pela presidente da Câmara de Nisa, Idalina Trindade, o chefe de Estado assistiu depois a um briefing no posto de comando, antes de visitar uma das aldeias, Amieira do Tejo, que esteve ameaçada pelas chamas.

Os três incêndios florestais que assolaram o concelho, o último deles na tarde de sábado, perto de Montalvão, estão todos em fase de vigilância, o que levou à desactivação, no sábado à noite, do Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil de Nisa. As autoridades de Nisa tinham activado o plano na quarta-feira à noite para apoiar a população de "forma mais eficiente", na sequência dos incêndios florestais que obrigaram à evacuação de várias aldeias.

As causas do fogo na zona de Montalvão estarão relacionadas com a utilização de maquinaria agrícola, segundo um comunicado da autarquia. Quanto aos outros dois incêndios, de Portas de Ródão e Albarrol, o município diz que as causas estiveram em "projecções de partículas" provenientes, respectivamente, dos fogos de Vila Velha de Ródão e de Mação.

Embora sem registo de danos pessoais, nem de habitações destruídas, os fogos, segundo a autarquia, devastaram, durante quatro dias, zonas florestais, terrenos agrícolas e casebres abandonados.

À hora em que o Presidente da República se encontrava de visita a Nisa, a página da Protecção Civil ainda identificava algumas ocorrências naquela zona mais a Norte do distrito de Portalegre, mas já todas com a classificação de “em conclusão”.

Eram os casos de Belver, no concelho de Gavião, onde ainda havia a indicação de que dois bombeiros e um veículo se encontravam adstritos ao incêndio que começou há uma semana; em Albarrol (Amieira do Tejo) 60 bombeiros com 21 viaturas ainda faziam o rescaldo do fogo que começou na quarta-feira; nas Portas do Ródão (onde o incêndio deflagrou na noite de dia 25) restavam 28 bombeiros e quatro veículos; e em Montalvão havia ainda 15 bombeiros com cinco viaturas a tratar de extinguir completamente os focos restantes do incêndio que começou no sábado à hora do almoço.

Tirar lições? Só no fim do Verão

Já mais tarde, em Marvão, onde esteve para encerrar o Festival Internacional de Música, o Presidente da República defendeu ser "importante" e "inevitável" fazer um debate nacional sobre a problemática dos incêndios, mas também considerrou que se deve esperar pelo fim do Verão para se avaliar a situação "com distância".

"Há uma lição que é evidente: ninguém esquecerá o que se passou e haverá uma reflexão nacional sobre isso", disse.

Sobre a suposta falta de comando e descoordenação por parte das autoridades no combate às chamas, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a sublinhar que é importante "esperar pelo fim" da época de incêndios, para depois ser feita uma avaliação.

Questionado sobre o "longo período de recuperação" que as populações afectadas pelos incêndios têm pela frente, voltou a usar o mesmo argumento. "Vamos esperar para ver a avaliação; ainda estamos num período de fogos e depois, com distância, daqui por um mês, mês e meio, aguardando as conclusões daquilo que vai ser ou já está a ser investigado, se falará", disse.

Em Marvão, Marcelo Rebelo de Sousa contou que encontrou o concelho de Nisa de uma forma "finalmente serena", após quatro dias" muito trabalhosos, muito difíceis e muito sofridos". "Vi uma população a reagir com muita firmeza, muita determinação", sublinhou.

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