Caixa reduz prejuízos para 50 milhões no primeiro semestre

O resultado líquido do banco público continua negativo, mas passou de um prejuízo de 205 milhões para 50 milhões de euros, beneficiando de uma melhoria da operação bancária. As imparidades e as saídas de pessoal atenuaram a recuperação.

Foto
LUSA/MÁRIO CRUZ

O primeiro semestre do ano foi marcado, no banco público, por uma recuperação de alguns dos principais indicadores de gestão bancária. Por um lado, verificou-se uma melhoria da margem financeira - saldo entre o que paga para se financiar e o que cobra por emprestar -, ao mesmo tempo que se registou um crescimento do produto bancário. As comissões estabilizaram, não reflectindo ainda as mudanças que se vão verificar nas tabelas. Em sentido contrário, as imparidades de crédito continuam a pesar, suportadas pelo enorme pacote de capitalização do Estado que a Caixa garantiu junto das autoridades europeias

Assim, segundo explica o banco em comunicado, "no 1º semestre de 2017 a margem financeira atingiu 656,0 milhões de euros (+101,1 milhões de euros face ao período homólogo de 2016), beneficiando da forte redução registada no custo de funding (-211,7 milhões de euros)", numa referência ao financiamento com taxas de juro baixas. Mas também porque "parte deste efeito (43,4 milhões de euros) resulta do cancelamento dos CoCos [apoio público] no âmbito das medidas de recapitalização".

Neste primeiro semestre, a instituição liderada por Paulo Macedo revela que "os resultados de serviços e comissões atingiram 224,7 milhões de euros, valor ligeiramente acima do verificado no semestre homólogo de 2016 (+0,1%)" e que ainda não espelha totalmente as alterações feitas nos preçários dos serviços prestados pela Caixa

Já os resultados de operações financeiras durante o primeiro semestre atingiram 275,5 milhões de euros, valor que compara "muito favoravelmente" com os 49,3 milhões negativos do período homólogo do ano anterior. A Caixa explica que "este montante reflecte essencialmente os ganhos decorrentes da evolução das taxas de juro em mercado e de uma adequada gestão dos instrumentos de cobertura do risco de taxa de juro da carteira de títulos". 

Deste modo, entre margem financeira e operações financeiras, "o produto global da actividade alcançou 1.154,1 milhões de euros no período, progredindo 57,1%", sustentando assim a melhoria verificado no resultado líquido. 

A penalizar esta recuperação dos resultados da Caixa estiveram os custos de estrutura que "não obstante a redução registada nas suas componentes de gastos gerais administrativos, apresentaram um aumento de 1,8%, traduzindo o impacto dos custos com pessoal não recorrente, no montante de 61,0 milhões de euros". Um efeito do Programa de Pré-Reformas e do Programa de Revogação por Mútuo Acordo, que representou a saída de milhares de trabalhadores de forma amigável.

"Excluindo aquele impacto, os custos de estrutura teriam diminuído 4,9%, conduzindo a uma redução do rácio de cost-to-income no semestre para 49,5%", acrescenta o banco. 

A pesar igualmente nos resultados esteve a limpeza do banco, que se traduziu em "provisões e imparidade de 398,5 milhões de euros (+21,6% do que no período homólogo do ano anterior), para o que contribuiu sobretudo o montante de provisões e imparidades de outros activos de 343,7 milhões de euros, dos quais 322,0 milhões de euros de natureza não recorrente, relacionadas com a reestruturação e alienação de actividades internacionais".

Depósitos crescem, crédito diminui

O banco destaca ainda o aumento dos depósitos de clientes na actividade doméstica (+1.397 milhões de euros).

Já o crédito a clientes bruto (incluindo créditos com acordo de recompra) reduziu 4,9% relativamente a Dezembro do ano anterior para 65.366 milhões de euros no final de Junho de 2017, com o crédito a empresas e a particulares da actividade da CGD Portugal a registarem variações de -8,6% e -2,3%, respectivamente.

No que diz respeito à solidez do banco, os resultados mostram já o enorme esforço público de capitalização do banco, tendo "os capitais próprios consolidados totalizado 7.895 milhões de euros no final de Junho de 2017, o que representou um reforço de 4.012 milhões de euros face ao final do ano anterior, reflectindo as duas fases já implementadas do Plano de Recapitalização acordado entre o Estado Português e a Comissão Europeia (DG Comp)".

Neste contexto, o banco público apresenta dos indicadores de solidez mais elevados do mercado e em linha com as metas das autoridades europeias. 

Sugerir correcção
Ler 2 comentários