Yuri da Cunha continua a lutar e a cantar pelo “sucesso cultural” de Angola

A um ano de celebrar 25 anos de carreira, o angolano Yuri da Cunha volta a Portugal para um novo concerto, desta vez no Tivoli BBVA. Esta sexta-feira, às 21h30.

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Yuri da Cunha em palco DR

É um dos músicos e cantores de maior sucesso em Angola e, depois de arriscar o Meo Arena em Julho de 2014 e de ter esgotado o Coliseu dos Recreios de Lisboa duas noites consecutivas em Julho de 2015, Yuri da Cunha está agora de regresso para um concerto único no Tivoli BBVA, esta sexta-feira às 21h30. De novo em Lisboa e reincidindo no mês de Julho.

Desde que iniciou a sua carreira na música (e Yuri conta tal período desde que entrou na escola da Rádio Nacional de Angola, em 1993), já gravou cinco discos. O primeiro foi em Portugal, É Tudo Amor, para a Valentim de Carvalho, em 1999. Makumba, a canção que o tornou conhecido do grande público, gravou-a em 2003 e com ela chegou ao Top dos Mais Queridos em Angola em 2004. O segundo disco, Eu, chegou em 2005, e o terceiro foi lançado em 2009 com título em kimbundu, Kuma Kwa Kié (amanheceu). O quarto, Canta Artur Nunes (2012), revestiu-se de um significado muito especial pois Artur Nunes (1950-1977), destacado músico e compositor angolano, foi uma das vítimas da sangrenta repressão do 27 de Maio em Angola, ali morto aos 26 anos. Nascido no bairro Cuba, no Sambizanga, Artur Nunes foi um dos fundadores do grupo Luanda Show e autor de muitas canções emblemáticas, como Tia ou Belina. Yuri da Cunha dedicou-lhe na íntegra um disco, gravando várias canções dele, como Njila ya kuako.

Depois deste disco, Yuri da Cunha lançou ainda em 2013 um maxi-single com cinco temas, Kandengue Atrevido, sendo a faixa-título gravada em dueto com Paulo Flores. “O Paulo Flores é para mim dos maiores artistas da música angolana, dos maiores cantores e compositores, é um fenómeno, sou muito fã dele.” Dois anos depois, Yuri gravaria um novo trabalho de longa-duração, O Intérprete, que veio a ser lançado em 2015.

Proteger o passado, pelo futuro

Nascido no Kuanza Sul, no dia 13 de Setembro de 1980, Yuri foi levado pela família para Luanda com apenas três anos, por causa da guerra. E, junto de familiares, lá ficou a viver. Ganhou um concurso de rua aos 9 anos, entrou na escola da Rádio Nacional de Angola aos 12 e, quando começou a compor, tinha na cabeça vários sons, como ele explicou ao PÚBLICO, em entrevista, em 2014: “Fui influenciado pelo meu pai, na altura, mas sobretudo por Bonga, Teta Lando, David Zé e Urbano de Castro. Esses é que eu ouvia muito, mesmo. Depois, nos anos 1990, passei a ouvir Eduardo Paim, Carlos Burity, Balão, muito André Mingas, essas eram as influências de Angola que eu tinha.”

Músico de sucesso, dizia também nessa entrevista que não era isso que o movia: “A minha luta não é muito pelo sucesso musical, claro que também é porque é daí que eu vivo, mas é um bocadinho pelo sucesso cultural do país. Para que possamos realmente dizer: nós somos angolanos. Ter a nossa identificação cultural, para lá de Portugal ou do Brasil. Só assim vamos à frente. É protegendo o passado que se faz o futuro.”

Com 36 anos, é tudo isto que ele leva agora a um palco lisboeta. Isto e os ritmos que ele traz na cabeça e no sangue: semba, kizomba, zuduro, à mistura com ritmos congoleses como o ndombolo ou o soukous. Deles virá o balanço dos corpos, a dança e a festa.

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