Ana ganhou um ano para viajar sozinha pela Ásia

São os jovens que mais os procuram. Os gap years estão na moda e Ana vai fazer um gratuitamente

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Ana Soares queria fazer voluntariado no Camboja, explorar as maiores cavernas do mundo no Vietnam, trabalhar na manutenção de uma quinta orgânica ou explorar um retiro de meditação e yoga. Queria e vai fazê-lo sozinha a partir de Outubro. Tudo isto e muito mais durante sete meses, depois de partir de Portugal para a Tailândia, onde começa a viagem.

Com 20 anos, Ana Soares estudou Ciências Biomédicas na Universidade de Aveiro e mal se licenciou decidiu largar a mochila de escola por uma onde coubesse roupa e tudo o que possa ser necessário para passar sete meses longe de casa. Pensou que o indicado seria sacar do mapa e decidir para onde ir “passar um ano longe do país”, afinal, como revela, "o bichinho" para sair da zona de conforto sempre esteve presente.

Esse mesmo "bichinho" levou Ana, e mais 350 interessados numa aventura pelo mundo, a se inscreverem no concurso promovido pela Gap Year Portugal, em pareceria com a TAP e com a Sumol.

Para ganhar, os interessados tinham que responder à seguinte questão: “O que farias com 5 mil euros, voos oferecidos e um mundo por descobrir?” A resposta de Ana foi a mais detalhada — às quintas orgânicas, retiros e exploração de cavernas, juntou o voluntariado com elefantes e treekings na Malásia — e em Outubro vai partir com destino à Tailândia, com viagem paga. “Comecei a preparar a viagem e a fazer o planeamento em Abril. Foram uns dois meses e meio de pesquisa”, revela.

Esta é a terceira edição do concurso. Nas palavras de Eric Vidal, do departamento de marketing da organização, as candidaturas a este concurso andam à volta do número deste ano, revela, no entanto, que "o interesse da sociedade civil está a crescer exponencialmente.”

“As pessoas vêm ter connosco para perceber, em primeiro lugar, o que fazemos e, depois, para ver os programas que oferecemos”, conta. Embora no site da organização se diga que o gap year – que pode ser traduzido para português com a expressão “ano de intervalo” – é para todas as idades, Eric Vidal reconhece que são jovens como Ana, que revelam maior interesse.

Muitos deles querem, como Ana, experienciar culturas diferentes ou fazer voluntariado. Outros vão em busca de engordar o currículo. Por vezes, até a prórpia estudante tem dificuldades em justificar a opção, até porque quanda fala da viagem, o entusiasmo não deixa o raciocínio a postos para essa tarefa. 

E isso também se deve ao contacto com outros jovens. Ana parte em Outubro, mas com muita informação de pessoas que já foram à descoberta no passado. “Tenho colegas e uma amiga em particular que já fizeram coisas parecidas e até pelos mesmos países”.

Agora, admite Ana, começa a crescer “a ansiedade” e preparam-se as despedidas à família, aos amigos e a Alenquer, de onde é natural. A cama de Ana também vai ser diferente durante os meses que vai passar no outro continente, até porque foi um dos pontos que enumerou na lista de planos: "dormir em couchsurfing na mairoia dos locais em que passar". Apesar de tudo, há nas palavras da recém-licenciada entusiasmo: “Sempre me fascinou muito a cultura asiática e pelo que já vi os povos daqueles países são mesmo muito simpáticos.”

Esta é apenas uma iniciativa da Gap Year Portugal. Para além de possibilitar este ano de intervalo, a organização tem parcerias com universidades para que jovens possam experimentar três universidades antes de iniciar o percurso académico. O objectivo passa por diminuir o número de jovens que acabam por desistir do ensino superior.

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