Quando dizer fake news é fake

Não acredite em tudo o que lê na Internet. Nem duvide de tudo o que lê na Internet.

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Chester Bennington morreu esta quinta-feira aos 41 anos. A sua morte foi utilizado em falsos desmentidos para gerar visitas para sites como o Media Mass LUSA/MACIEJ KULCZYNSKI

Voltou a acontecer esta semana. No momento em que surge a notícia da morte de uma celebridade já há um link a desmenti-la. Na quinta-feira, o TMZ noticiou em primeira mão a notícia da morte de Chester Bennington, vocalista norte-americano dos Linkin Park. A informação foi rapidamente confirmada pelas autoridades.

Mas tão depressa como a notícia se espalhou, multiplicaram-se os comentários de que seria uma “notícia falsa” (fake news, em língua inglesa). Com estes, havia links para um site onde estaria o desmentido: o Media Mass. Lia-se ali que não passava de um mentira, que um porta-voz dizia que Bennington juntava-se “a uma longa lista de celebridades” vítimas de um boato e que havia até uma sondagem em que “uma larga maioria dos inquiridos” condenava a brincadeira.

Neste caso, é o desmentido que é falso. O Media Mass é um site chinês que diz fazer “crítica de imprensa através da sátira”, mas que vive de um truque: negar a morte de celebridades. Fá-lo através de uma página previamente redigida, replicável com o nome de qualquer personalidade. Cristiano Ronaldo e Madonna, por exemplo, surgem no site em versões do mesmo texto onde se negava a morte de Bennington. Tal como surgiam Paul Walker ou Prince, cujas mortes tinham sido incorrectamente desmentidas na altura, lançando a confusão nas redes sociais.

Porque é que continuamos a cair no truque? A descrença perante uma morte inesperada é um sentimento universal. Por outro lado, sites deste tipo aproveitam-se da actual crise de confiança na imprensa. Esta, em boa parte, é da responsabilidade dos erros dos jornalistas. Mas é também fruto de campanhas de descredibilização com fins políticos, como a movida pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, ou por pretensos fiscalizadores nas redes. Diz-se muito “fake news”, mas nem sempre é o caso.

Convém então recordar o que devemos fazer perante um possível boato. É fundamental identificar a fonte – se se trata de um site de notícias conhecido, se o endereço está correcto, se a notícia está assinada e que nomes e entidades cita. É também importante atentar à forma como o artigo está redigido – adjectivação excessiva ou pontos de exclamação são sinais de alerta. Por fim, pesquisar: o que acabou de ler aparece em mais algum lado?

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