EUA tentam recuperar o trono em mais um Mundial pós-Phelps

A natação pura na 17.ª edição do Campeonato do Mundo arrancou neste domingo em Budapeste. Peaty, Chad le Clos, Schooling, Sjöström, Ledecky ou Hosszu estão na linha da frente para assumirem o protagonismo.

Ledecky a entrar na água
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Ledecky a entrar na água Reuters/STEFAN WERMUTH
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Uma das provas dos Mundiais de natação LUSA/PATRICK B. KRAEMER
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O esforço de um nadador em acção nos Mundiais de natação LUSA/PATRICK B. KRAEMER
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Meia-final dos 100m bruços Reuters/STEFAN WERMUTH
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Adam Peaty LUSA/PATRICK B. KRAEMER

O início da 17.ª edição do Campeonato do Mundo de Desportos Aquáticos aconteceu a 14 de Julho, em Budapeste, e nas modalidades de natação sincronizada, saltos para a água e águas abertas já foram distribuídas mais de duas dezenas de medalhas de ouro. No entanto, o prato principal da competição, disputada de dois em dois anos, apenas será servido a partir deste domingo, quando forem dadas as primeiras braçadas da natação pura na Arena Danúbio. Com Michael Phelps (aparentemente) definitivamente retirado, Adam Peaty, Chad le Clos, Joseph Schooling, Sarah Sjöström, Katie Ledecky ou Katinka Hosszu surgem na linha da frente para assumirem o protagonismo numa competição em que os Estados Unidos vão tentar recuperar a hegemonia perdida há dois anos: no Mundial de 2015, em Kazan, a China terminou a prova na liderança do medalheiro, interrompendo um domínio norte-americano que durava desde 2003.

Quatro anos depois, em mais um Campeonato do Mundo de natação disputado no ano seguinte aos Jogos Olímpicos, a questão volta a colocar-se: será mesmo este o adeus definitivo de Phelps? Em 2013, a piscina do Palau Sant Jordi, em Barcelona, recebeu a 14.ª edição dos Mundiais da modalidade e, pela primeira vez em 14 anos, uma grande competição internacional de natação (em piscina longa) não contou com a presença de Phelps, que no ano anterior tinha anunciado a sua retirada. No entanto, a “reforma” do “torpedo de Baltimore” foi, como se esperava, de curta duração. As 22 medalhas conquistadas em Jogos Olímpicos (18 delas de ouro) não saciaram a vontade de vencer do norte-americano e Phelps regressou nas olimpíadas do Rio de Janeiro, onde conquistou mais seis medalhas: cinco de ouro e uma de prata.

Com os Jogos Olímpicos de Tóquio num horizonte ainda longínquo – em 2020 Phelps terá 35 anos, o que não torna descabido o cenário de um novo regresso -, as atenções na Hungria viram-se para Adam Peaty, que no ano passado pulverizou o recorde dos 100 metros bruços, melhorando a marca em 1,5 segundos. Natural da pequena cidade inglesa de Uttoxeter, Peaty tem conseguido um domínio avassalador nas provas de 50 e 100 metros bruços, e em Budapeste o seu principal rival deverá ser o relógio. O britânico, de 22 anos, já baixou por 19 vezes a marca dos 59 segundos nos 100 metros bruços - apenas 12 nadadores podem orgulhar-se dessa proeza – e neste domingo voltou a fazê-lo mais uma vez na qualificação para a final. Nesta distância nenhum outro recordista mundial tem uma vantagem tão grande para o segundo melhor de sempre: o sul-africano Van Der Burgh demorou mais 1,33 segundos a completar o percurso. O duelo entre os dois vai repetir-se nos 50 metros, mas aí Peaty continua a ser, em teoria, intocável: o britânico detém as quatro melhores marcas de sempre na distância e este ano ficou a seis milésimos de estabelecer um novo máximo mundial.

Outro provável protagonista será Chad le Clos. Em 2012, nos Jogos Olímpicos de Londres, o sul-africano tinha 20 anos quando conseguiu o que muitos consideravam impossível: bater Phelps na final dos 200 metros mariposa. No entanto, apesar de no ano seguinte, com Phelps ausente, ter reforçado o seu estatuto ao sagrar-se campeão mundial em Barcelona nos 100 e 200 metros mariposa, o percurso recente de le Clos tem sido de alguma inconsistência, o que pode ser explicado pela aposta do sul-africano em competir em vários estilos. Com (duas medalhas de prata conquistadas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (200 metros livres e 100 metros mariposa), registo modesto para a sua ambição, o nadador de Durban já não terá que se preocupar com Phelps na Arena Danúbio, e surge como favorito nos 200 metros mariposa, a sua prova de eleição. Porém, László Cech, Tamás Kenderesi, Masato Sakai ou Daiya Seto serão adversários de peso. Nos 200 metros livres, onde surpreendeu no Rio de Janeiro, o sul-africano precisará de estar ao melhor nível para rivalizar com James Guy, Mack Horton e Sun Yang, com o chinês a ter ganho já neste domingo a sua primeira medalha de ouro, nos 400m livres. A outra das provas onde le Clos é candidato é nos 100 metros mariposa, mas aí os holofotes estarão direccionados para Joseph Schooling.

Com 22 anos, o singapurenho alcançou um dos grandes feitos dos últimos Jogos ao impedir que Phelps conseguisse o pleno de ouro. Schooling completou os 100 metros mariposa no Rio de Janeiro em 50,39 segundos, o tempo mais rápido de sempre sem os polémicos fatos de poliuretano, proibidos desde 2009, relegando Phelps, le Clos e Cech para a prata ex-aequo. Na Hungria, o singapurenho terá como objectivo nadar no segundo 49, e o duelo Schooling-le Clos tem os condimentos necessários para ser um dos mais estimulantes pratos que serão servidos na Arena Danúbio.

Entre as senhoras, há três nomes que se destacam claramente: Sarah Sjöström, Katie Ledecky ou Katinka Hosszu. Líder mundial do ano em quatro provas (50 e 100 metros livres, e 50 e 100 metros mariposa), Sjöström chega a Budapeste num excelente momento de forma e pode atingir na Hungria o ponto alto da sua carreira. Com 23 anos, a sueca obteve dois recordes do mundo quando tinha apenas 15 anos, mas no ano passado, no Rio de Janeiro, ficou-se apenas com um desempenho assim-assim: um ouro, uma prata e um bronze. Agora, com novo treinador (Johan Wallberg), tudo indica que o pecúlio de Sjöström ficará bem mais preenchido e não espantaria que a sueca conseguisse neste Mundial subir quatro vezes ao lugar mais alto do pódio e alcançar algum recorde do mundo.

A ausência de Sjöström nos 200 metros livres impossibilita o que seria um aguardado novo duelo com Katie Ledecky. Sem dúvida um dos nomes grandes da natação actual, a norte-americana bateu nos Jogos do Rio o recorde do mundo dos 400 e 800 metros livres e, em Budapeste, voltará a tentar cometer essa proeza, o que também pode acontecer nos 1500 metros. Para já conquistou neste domingo o ouro nos 400m livres. A prova em que Ledecky deverá estar mais vulnerável será nos 200 metros livres, já que a nadadora de Washington, cinco vezes campeã olímpica e nove vezes mundial, terá que disputar a meia-final desse prova pouco tempo depois de competir na final dos 1500 metros.

A nadar em casa, Katinka Hosszu estará como peixe na água. A húngara, de 28 anos, conhecida como “a mulher de ferro”, é claramente favorita nos 400 metros estilos – no Rio de Janeiro venceu o ouro com um novo recorde do mundo -, mas nos 200 metros, apesar de partir à frente na bolsa das apostas, deverá ter, como aconteceu nos Jogos, a forte oposição da britânica Siobhan Marie O'Connor.

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