Fenprof pondera greve em Outubro devido a "abusos" nos horários dos professores e não só

O próximo ano lectivo terá de ser o "tempo de resolver problemas", alerta Federação Nacional de Professores.

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Nogueira avisa que Fenprof vai exigir "muito mais" ao Governo lm miguel manso

O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FNE) advertiu nesta sexta-feira que, "a manterem-se os abusos e ilegalidades na organização dos horários" de trabalho dos professores, deverá ser convocada uma greve a partir de Outubro.

Em conferência de imprensa em Lisboa para fazer o balanço do ano lectivo que terminou e apresentar a acção reivindicativa para 2017-2018, Mário Nogueira esclareceu que esta greve incidirá em todas as actividades que, "sendo lectivas, foram atribuídas aos docentes no âmbito da sua componente não lectiva de estabelecimento", tais como apoios a grupos de alunos, coadjuvação e outras de trabalho directo com os alunos.

Prevista está também, entre outras iniciativas, a convocação de um encontro nacional de professores e educadores, a 4 de Outubro, em Lisboa, em que será aprovada a estratégia reivindicativa para o novo ano lectivo, incluindo as lutas a desenvolver.

Para a Fenprof, após o ano que agora termina ter sido de "estagnação", apesar de algumas medidas positivas, 2017-2018 terá de ser "tempo de resolver problemas" e de "valorizar a educação e os seus profissionais", pelo que vai exigir "muito mais" ao Governo e ao Ministério da Educação na segunda metade da legislatura, devendo tais exigências ter reflexo no Orçamento do Estado (OE) para 2018.

Entre as exigências, consta a necessidade de não adiar mais a criação de um regime especial de aposentação para os docentes, por forma a rejuvenescer a classe. Além disso, a federação pede a garantia de descongelamento das carreiras em Janeiro de 2018 e a concretização de novas medidas de combate à precariedade, designadamente a abertura de novos processos de vinculação extraordinária, a criação do grupo de recrutamento de Língua Gestual Portuguesa e a resolução de situações de precariedade que continuam a afectar docentes do ensino superior (leitores, professores auxiliares e investigadores).

Segundo Mário Nogueira, outra das exigências prende-se com a aprovação e aplicação de medidas que contribuam para atenuar o desgaste do corpo docente das escolas, designadamente quanto aos horários de trabalho, número de alunos por turma e número de níveis por professor.

"Da mesma forma, deverão ser tomadas medidas que ponham fim ao excesso ilegal de cargas lectivas exigidas a muitos docentes do ensino superior", indica ainda o caderno reivindicativo da Fenprof para 2017-2018, em que se pede também um reforço significativo das transferências do OE para a Educação, incluindo o ensino superior e a ciência.

A aprovação de um adequado modelo de descentralização no sector, rejeitando liminarmente qualquer processo de municipalização (como o que está em curso), a aprovação de um modelo de gestão democrática para as escolas, o início da desagregação dos mega-agrupamentos, o reforço de meios humanos nas escolas (docentes e outros) e o aumento da autonomia administrativa e financeira das instituições de ensino superior são outras das medidas defendidas pela Fenprof.

 

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