Candidato Rui Moreira acusa PS de “não cumprir” a palavra

Manuel Pizarro recusa críticas e diz que Moreira está “equivocado”

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Os dois responsáveis pelo acordo pós-eleitoral no Porto são agora adversários políticos LUSA/ESTELA SILVA

Rui Moreira acusou o PS “não cumprir” a palavra, ao votar contra a criação de uma empresa municipal de Cultura do Porto. Isto porque, disse, apesar do rompimento da coligação pós-eleitoral que o seu movimento independente mantinha na Câmara do Porto com os socialistas, estes se tinham comprometido a cumprir até ao fim do mandato o acordo feito. “Tinham-se comprometido a cumprir o meu programa, do qual a Cultura é central”, disse o candidato às próximas eleições autárquicas, frisando que “não é a primeira vez que [o incumprimento] se coloca”.

E o outro caso em que esse incumprimento terá acontecido, no entender do candidato do movimento Rui Moreira, o nosso partido é o Porto foi na permanência dos eleitos socialistas em diferentes cargos nas juntas de freguesia da cidade. “Em Maio [quando se rompeu a coligação informal], alegando princípios éticos e políticos, o PS disse que os seus eleitos nas juntas de freguesia abandonariam os cargos. Isso não aconteceu. Continuam nos cargos e a aceitar as respectivas remunerações”, disse o candidato, numa conferência de imprensa na sede de candidatura, na tarde desta quinta-feira. “Eu mantive a minha palavra. Não exonerei ninguém, não retirei pelouros, não substitui qualquer chefia”, disse ainda.

Contactado pelo PÚBLICO, o candidato socialista, Manuel Pizarro, diz que Rui Moreira “está enganado”. “Nas quatro juntas de freguesia em que participamos com o movimento de Rui Moreira, só havia uma pessoa remunerada, que era vogal na Junta de Freguesia de Ramalde. Já não é. Fizemos nas juntas e o que fizemos na câmara: renunciaram e não têm qualquer remuneração. [Rui Moreira] Está equivocado”, disse.

O candidato independente convocou uma conferência de imprensa para avaliar a votação da Assembleia Municipal, onde esteve enquanto presidente de câmara, e considerou que os socialistas tentaram “obstaculizar a governação, sem qualquer razão objectiva, ideológica ou programática” A proposta de criação de uma empresa municipal de Cultura foi aprovada, apesar dos votos contra do PS, do PSD da CDU e do Bloco de Esquerda, beneficiando dos votos favoráveis de dois ex-deputados do PSD, do deputado socialista Francisco Assis e ainda da abstenção de duas outras deputadas do PS. Rui Moreira não se quis alargar em considerações sobre o voto de Assis, classificando-a como "um acto que é próprio da cidade do Porto". "Votou pelo Porto", disse.

Apesar de considerar que o PS tinha “o direito” de “querer chumbar” a criação da empresa, o autarca e candidato disse ter sentido um “particular incómodo” ao ouvir os socialistas invocarem o nome de Paulo Cunha e Silva, o vereador da Cultura de Rui Moreira que morreu repentinamente em 2015. “É inaceitável que se tente invocar a memória de Paulo Cunha e Silva a propósito de uma coisa que ele sempre quis”, disse.

Pizarro garante que “não lhe ocorreria propor a criação de uma empresa na véspera das eleições” não abdica de voltar a lembrar o antigo vereador da Cultura. “Ao longo destes quatro anos, e em especial no período em que Paulo Cunha e Silva foi o vereador da Cultura, foi possível desenvolver uma intensa e inovadora política cultural no Porto, sem que tenha sido necessária a dita empresa municipal”, insiste.

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