Rangel não descarta nova candidatura à liderança do PSD

Marques Mendes considera “provável” candidatura do eurodeputado à liderança do PSD. O próprio tem dito estar "na posse de todos os direitos políticos". Mas há quem duvide que avance contra o actual líder e contra Rui Rio.

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Rangel é vice-presidente da bancada do PPE no Parlamento Europeu Enric Vives-Rubio

“Estou na posse de todos os meus direitos políticos”. É com esta frase que Paulo Rangel tem comentado, junto de pessoas que lhe são próximas, o mesmo cenário que Marques Mendes desenhou no comentário semanal deste domingo na SIC: que o eurodeputado podia ser o terceiro candidato à liderança do PSD no próximo congresso, que deverá acontecer no início de 2018.

Fontes próximas de Paulo Rangel não excluem em absoluto uma nova candidatura à liderança social-democrata – já que foi candidato contra Pedro Passos Coelho em 2010, mas consideram muito difícil que tal aconteça nos moldes traçados. Marques Mendes acabara de elogiar o líder parlamentar cessante, Luís Montenegro, deixando claro que poderá vir a ser mais tarde um forte candidato à presidência do partido. Neste contexto, Mendes distinguiu o curto e o médio prazo: “No curto prazo, que será a seguir às eleições autárquicas, vai haver uma disputa pela liderança do PSD e vai haver dois candidatos certos e um provável”, disse, apontando como certos Pedro Passos Coelho e Rui Rio, e como provável Paulo Rangel.

“Já foi candidato no passado, tem estatuto e qualidade para isso, e se não for agora corre o risco de já não voltar a ser no futuro”, comentou Mendes, a propósito do vice-presidente da bancada do PPE no Parlamento Europeu. No médio prazo, a partir de 2019, considera que poderá então surgir Montenegro e eventualmente, afirmou também, o comissário europeu Carlos Moedas.

O eurodeputado tem dito que se encontra “na posse de todos os [seus] direitos políticos”, já confidenciou mesmo que não veria com maus olhos assumir a liderança do PSD para reconstruir o partido e prepará-lo para uma nova etapa de responsabilidades governativas, já longe da imagem da austeridade que marca a actual liderança. 

Ainda na passada quinta-feira, na RTP, Paulo Rangel considerou “natural” que surjam candidatos alternativos à liderança do PSD: “É natural que aconteça no momento próprio”, disse. “Eu encaro como um processo de renovação, em qualquer partido, e de avaliação da liderança como natural”, frisou, dizendo no entanto não saber se isso irá acontecer.

Mas os mais próximos consideram que Rangel dificilmente avançaria com uma candidatura contra Passos Coelho, com quem fala regularmente e a quem vai dando as suas opiniões, mesmo que não se identifique completamente com as posições do líder. E ainda menos avançaria contra Rui Rio, com quem trabalhou no programa à Câmara do Porto na primeira candidatura do agora ex-autarca, e com quem tem mantido boas relações. Acresce que os espaços políticos de Rio e Rangel entram em conflito entre si, sobretudo em termos de apoios – ambos são do Porto -, pelo que esse cenário é visto como ainda mais improvável do que uma disputa exclusivamente contra Passos Coelho.

Em relação ao líder, Paulo Rangel tem tido uma proximidade sustentada sobretudo nas funções que ambos desempenham e que os levam a trocar informações e impressões regularmente. Rangel foi o cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP às eleições europeias e é vice-presidente tanto da bancada do Partido Popular Europeu como do próprio PPE, tendo acesso directo aos líderes e protagonistas europeus. 

No entanto, o eurodeputado também tem tecido algumas críticas suaves a Passos Coelho. Ainda na semana passada sugeriu, na RTP, que o PSD “tem agora uma oportunidade” de reafirmar a sua liderança no rescaldo de Pedrógão Grande e de Tancos: “É muito mau que tenham acontecido estas duas ocorrências. Mas não há dúvida de que elas trouxeram ao de cima fragilidades do Governo, do PS, e – nunca esquecer -, responsabilidades do PCP e do BE”.

A forma como foi gerido o dossier das autárquicas também não agradou ao eurodeputado. No início de 2016, Paulo Rangel chegou a confessar em privado que não rejeitaria um convite para ser candidato à Câmara do Porto, e em meados do ano, não descartou a hipótese de vir a concorrer a Lisboa, se o partido assim o desejasse.

Segundo fontes ouvidas pelo PÚBLICO, Rangel considerava que teria havido dois momentos em que o anúncio de uma candidatura própria do PSD a Lisboa poderia criar uma dinâmica vencedora: no início de Setembro – a altura em que Assunção Cristas anunciou a sua intenção de avançar para Lisboa – e no início de Dezembro, depois de Pedro Santana Lopes ter finalmente afirmado que não seria candidato em caso algum.

No entanto, nenhuma das hipóteses foi considerada pela presidência do PSD, ainda que, pelo menos, a disponibilidade da candidatura de Rangel a Lisboa tenha chegado a Passos Coelho. O PSD acabou por esperar por Março para apresentar a candidatura de Teresa Leal Coelho, fechando um processo que foi largamente criticado dentro do partido.

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