Americanos risonhos

O standup é gloriosamente perigoso. Bem feito é um prodígio de humanidade: uma pessoa sozinha com aquilo que escreveu para contar a um público que está à espera de se rir. É literalmente um pesadelo que os comediantes escolhem enfrentar quando estão acordados.

A Netflix tem estado uma boa merda. Valha-nos o Japanese Style Originator: 54 episódios luminosos sobre a cultura japonesa, muitos dos quais com 2 horas de duração. Tem aspectos desengraçados (as lições para o menino louro e para a menina morena) mas o espírito é de brincadeira e de aprendizagem das coisas boas, tradicionais e humanas da vida, vistas com sabedoria e generosidade.

The Standups é outra série que vale a pena ver. Não conhecia nenhum dos seis comediantes. Não gosto da palavra "comediantes": eles são autores e intérpretes de muito mais do que comédias. Eu classificá-los-ia, classicamente, como oradores. Mas standups também é bom: dá uma ideia da exposição e da independência solitária que requer a valentia para stand up and be counted.

Só há um deles (Dan Soder) que não diverte, com piadas no estilo cansado de Judd Apatow. Ou talvez seja a qualidade da concorrência: Fortune Feimster, Deon Cole e Beth Sterling são maravilhosamente honestos, truculentos e inesperados. Há dois comediantes que têm meias-horas geniais: Nate Bergatze e Nikki Glazer. Ambos são originais e hilariantes no sentido técnico de cortar a respiração. Como é que conseguiram manter-se escondidos por tanto tempo? Dêem-lhes já uma série!

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