O Alentejo está uma fornalha com temperaturas que chegaram aos 46ºC

Nos concelhos de Mourão, Portel e Reguengos de Monsaraz o termómetro marcou 46ºC de temperatura máxima. Moura, Serpa e Vidigueira ficaram-se pelos 45 graus Celsius.

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antonio carrapato

O final da tarde não alivia a sensação de que o Alentejo está debaixo de um espesso edredão. Não se consegue andar à torreira do sol pelas ruas de Beja. Todos procuram a sombra. Até os cães. Os olhos ardem quando focam uma parede branca. Vai ser mais uma noite mal dormida, onde o sono tem ser intercalado com banhos de água fria.

As manhãs são férteis em irritações por tudo e por nada e as refeições querem-se frias. O consumo da água dispara, assim como a compra de ventoinhas. O PÚBLICO tenta meter conversa mas as pessoas aceleram o passo. Não há condições para diálogos de rua num dia em os 43 graus Celsius registados na cidade de Beja representa umas temperaturas mais baixas do distrito. Em Moura, Serpa e Vidigueira o mercúrio do termómetro do Instituto Português do Mar e da Atmosfera bateu nos 45 graus.

Só em Almodôvar e Odemira é que as temperaturas foram inferiores a 40 graus (39ºC e 35ºC respectivamente). Nos restantes 11 concelhos, a temperatura oscilou entre os 43ºC e 44ºC.

No distrito de Évora e nos concelhos de Mourão, Portel e Reguengos de Monsaraz registaram-se os valores mais altos de toda a região Alentejo: 46º Celsius. Nos restantes concelhos do Alentejo Central, o tempo manteve valores entre os 41ºC e os 44ºC e no distrito de Portalegre, com a excepção de Marvão (39ºC), todos os concelhos do norte alentejano superaram os 40º Celsius mas sem atingir os valores máximos registados nos distrito de Beja e Évora.

Manuel Estragadinho, 82 anos, estava sentado à janela por onde se fazia a circulação de ar com a porta do quintal da sua casa. Com o lenço que tinha na mão direita limpava o rosto e tentava fazer de um pedaço de pano um leque, sem o conseguir. “Aí chefe! Isto hoje desarranjou-se mesmo”, pronunciou numa voz sumida.  

Uma mulher sai do transporte público urbano, de chapéu na cabeça, olhando em redor como a querer perguntar onde estava. “Ai isto está tão quente, tão quente, que a gente sente-se sufocar. E logo à noite… como vai ser”, antecipava a funcionária pública. Colegas seus viram-se aflitos para entrar nas suas viaturas. “Escaldavam” por terem ficado ao sol. É apenas mais um dia de intenso calor na região. Como diz uma estrofe de uma moda do cante: “Alentejo não tem sombra/senão a que vem do céu”.

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