Avi Gabbai é o improvável novo líder dos trabalhistas de Israel

Avi Gabbai venceu as eleições do Partido Trabalhista de Israel, tornando-se no novo líder de um Labour em queda.

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O novo líder do Labour é membro do partido desde Dezembro de 2016. AMIR COHEN/Reuters

Avi Gabbai foi eleito líder do Partido Trabalhista Israelita apesar de só ser membro há cerca de meio ano, e estar na política há apenas três anos. Venceu o histórico trabalhista Amir Peretz (já foi ministro da Defesa e líder sindicalista) na luta pela liderança do Labour na segunda volta – na primeira volta tinha ficado para trás o actual líder da bancada parlamentar do partido, Isaac Herzog.

No seu discurso de vitória, Gabbai prometeu “liderança que aja com coragem e integridade em direcção a paz com os vizinhos”. “Este é o início de um caminho. Esse caminho leva à mudança de Governo em Israel”, declarou Gabbai, que se apresenta como um herdeiro das ideias de Yitzhak Rabin, que venceu com Yasser Arafat e Shimon Peres o Nobel da Paz pelos Acordos de Oslo, e foi assassinado por um extremista que se opunha aos acordos de paz entre israelitas e palestinianos.

No entanto, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, continua firme na chefia do Governo – mesmo apesar de estar a ser actualmente investigado em dois casos criminais, e de um seu antigo advogado ter sido detido no âmbito de uma investigação sobre corrupção num acordo para compra de submarinos alemães.

O agora líder trabalhista foi até 2014 o CEO da Bezeq, maior empresa de telecomunicações de Israel, mas decidiu estrear-se na política no partido centrista Kulanu quando este foi criado em finais de 2014. Apesar de nas eleições de 2015 não ter sido eleito deputado, o partido apoiou o Governo de Netanyahu e Gabbai foi nomeado ministro do Ambiente.

Em Maio de 2016 apresentou a sua demissão pela nomeação de Avigdor Lieberman para ministro da Defesa e pela entrada do partido nacionalista Yisrael Beiteinu no Governo – sem sequer informar o líder do seu partido, Moshe Kahlon. Khalon soube da demissão de Gabbai pela conferência de imprensa deste, na televisão.

Um membro do partido deu uma explicação para o especial percurso de Gabbai ao diário hebraico Ha’aretz: “Quando o Avi teve uma crise de meia-idade aos 40, começou a participar em maratonas. Quando teve outra aos 50, decidiu participar na corrida para primeiro-ministro.”

Elogiado pelo seu carácter afável e pela sua competência como gestor, Gabbai teve uma ascensão meteórica de filho de imigrantes judeus de Marrocos, a estudante de excepção, até responsável do gigante de telecomunicações israelita.

O perfil de Gabbai no diário israelita Ha’aretz descreve “uma personagem complexa e multifacetada”. “A mesma pessoa que não teve problemas em estar no Governo habituado a uma imobilização diplomática jura agora que está a continuar o caminho de Yitzhak Rabin, e que não terá medo de tocar na questão sensível de Jerusalém Oriental”. Mais: “Passou directamente do departamento do orçamento do Ministério das Finanças para o monopólio de telecomunicações Bezeq, e mais tarde despediu trabalhadores enquanto mantinha para si dezenas de milhões de shekels”, diz o jornal. “Por outro lado, todos os seus colegas na empresa descreveram um gestor inteligente e popular, que tornou a empresa mais eficiente e que a ajudou a crescer tratando sempre as pessoas com respeito.”

O Partido Trabalhista liderado por Herzog (e em aliança com o mais pequeno partido da antiga ministra dos Negócios Estrangeiros Tzipi Livni) ficou em segundo lugar nas eleições de 2015, mas revelações de negociações secretas para se juntarem à coligação liderada por Netanyahu ditaram uma grande queda na sua popularidade. Sondagens mostravam que com Herzog o partido poderia mesmo ficar atrás do partido centrista Yesh Atid do antigo jornalista Yair Lapid, perdendo até metade dos 24 deputados que ganhou em 2015. 

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