Jogos Olímpicos de 2024 e 2028 serão atribuídos em conjunto

A decisão oficial foi tomada nesta terça-feira, em Lausanne, numa votação por unanimidade.

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Reuters/PIERRE ALBOUY

Foi aprovada por unanimidade a proposta apresentada nesta terça-feira em Lausanne, pelo Comité Executivo do Comité Olímpico Internacional (COI). O que estava em causa era validar a dupla atribuição dos Jogos Olímpicos de 2024 e 2028, que têm Paris e Los Angeles como candidatos, e a ideia recebeu luz verde.

Esta proposta já tinha sido aventada pelo presidente do COI, Thomas Bach, mas carecia de validação em sede própria. Em causa estava o desrespeito pela regra que determina que uma candidatura deve ser avaliada a sete anos de distância da abertura do evento, e não antes - a não ser em circunstâncias excepcionais. Mas a confiança do dirigente e o feedback que tinha recolhido ao longo das últimas semanas deixavam antever uma resposta positiva.

"Organizar os Jogos Olímpicos é uma parceria. Há que ter confiança", vincou Bach, que deixou bem claro que o COI não iria impor a ideia e que acataria o sentido da votação que teve lugar nesta terça-feira. O sufrágio acabou por ser favorável às pretensões da direcção do organismo e por determinar também que o 131.º congresso do COI, que terá lugar em Lima, no Peru, a 13 de Setembro, servirá de palco à eleição dos anfitriões das duas edições dos Jogos reservadas para a década de 2020.

A intenção dos dirigentes, com esta dupla atribuição, é capitalizar as candidaturas actualmente em cima da mesa. Num período em que têm rareado propostas de qualidade, devido aos custos crescentes da organização e ao investimento em infra-estruturas que a posteriori dificilmente são rentabilizadas, o COI quis aproveitar a ambição dos projectos francês e norte-americano.

Nesse sentido, espera-se nos próximos tempos um acordo formal entre o organismo e as duas delegações que determine qual das cidades receberá a primeira edição, sendo que Los Angeles foi aquela que mostrou, até agora, maior abertura para planear com vista a 2028, se for inviabilizada a hipótese 2024. Caso esse entendimento não se concretize, o modelo de escolha retomará o formato original.

Em termos orçamentais, do dossier de candidatura norte-americana consta uma previsão de 4,8 mil milhões de euros de gastos, 1,4 mil milhões de euros abaixo do valro cabimentado por Paris (6,2). A Los Angeles tem sido elogiado o carácter "inovador" e "vibrante" que a proposta injectará na cidade, enquanto a capital francesa tem impressionado pela capacidade de conciliar a "história" e sua face cultural, "icónica", com um projecto desportivo de excelência.

Os montantes do investimento previsto são, de resto, atenuados pela intenção de se utilizar um número recorde de recintos já existentes ou de carácter temporário, de acordo com uma das premissas estipuladas na Agenda 2020 do COI, um manifesto reformista que pretende, entre outras ambições, reduzir ao mínimo o impacto das edições do maior evento do desporto mundial.

Embora a decisão tomada nesta terça-feira encerre, em si mesma, uma mudança de paradigma, na verdade ela não é inédita. Isto porque, em 1921, o COI já atribuíra em conjunto a organização dos Jogos Olímpicos de Verão de 1924 e de 1928, a Paris e a Amesterdão. Na altura, a decisão foi justificada com a vontade de minimizar, dentro do possível, os efeitos da I Grande Guerra, num período em que grande parte do globo atravessava uma fase de recuperação.

"O nosso sistema de atribuição era perfeito no passado. Hoje em dia, chega a assustar os concorrentes. Uma candidatura é muito cara para os políticos actuais. Estamos a exigir demasiado e isso dificulta as candidaturas dos países", enquadrou Thomas Bach. "O mundo muda rapidamente e de forma profunda e temos de ter em conta essas mudanças. É um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade".

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