O design anda por caminhos nunca antes navegados

Passamos os dias a fazer especulações sobre o futuro e sobre os novos caminhos por onde andamos e que nos levarão, hipoteticamente, a novos tipos de emprego. Eu incluído! Sou dos que mais tenta adivinhar o que vai acontecer. Sou dos que mais especula sobre o futuro do trabalho e sobre os empregos do futuro.

Muitas das vezes, ou na maior parte das vezes, esquecemo-nos de olhar para aqueles que realmente nos dão essas pistas: as crianças e os adolescentes. Há pelo menos duas variáveis a que continuamos a não dar a devida atenção: aos comportamentos destes jovens no seu quotidiano e aos formatos do ensino.

Fazendo uma análise rápida ao que estes miúdos querem, ao que estes miúdos anseiam, e olhando para os meus especificamente, apesar de muito, muito novos, os formatos digitais imperam. As interacções digitais sobrepõem-se às interacções na rua. A televisão tradicional foi substituída por programas que não sejam em tempo real. Aqueles que lhes permitem ver quantos e quando quiserem. Aqueles que podemos transportar debaixo do braço.

Esta dinâmica do consumo televisivo obriga-me a especular, enquanto designer e professor, sobre o futuro da publicidade, sobre o futuro da produção de conteúdos e sobretudo, acerca do que aí vem nas áreas do design de interação. E então para onde caminhamos? No que devemos apostar? As possibilidades de resposta são infinitas. Uns dizem que a tecnologia vai dominar o mundo. Outros dirão que isso é impossível. Nesse caso, que variáveis devemos equacionar? Que áreas devemos abordar? Que futuro devemos esperar? E o ensino? Não será o ensino o elemento basilar de tudo isto?

Acredito que sim. E diria que se olharmos para os actuais formatos de ensino, o caso é ainda mais negro. Enquanto nos novos comportamentos digitais vamos conseguindo dar alguma resposta, no ensino antevejo um futuro pouco promissor para estas gerações que atravessam agora a sua infância e a sua adolescência. Os interesses mudaram. As crenças e os quereres alteraram-se. Os comportamentos modificaram-se. E nós fechámos os olhos a isso. Continuamos a ter escolas e modelos de ensino tradicionais, conservadores, iguais aos que os nossos pais e avós tiveram nas suas épocas. Não é a inclusão de um computador que muda o que quer que seja. São as dinâmicas do espaço, as dinâmicas colaborativas e as dinâmicas de aprendizagem.

Enquanto na Universidade, ou pelo menos em algumas, se começam a testar novos modelos de espaço e de ensino e novos modelos tecnológicos, as escolas e os liceus, esses, continuam no início do século passado! O design tem este condão de entrar em caminhos por si nunca antes navegados. Entrou na vida empresarial através do design thinking, entrou no mundo tecnológico através da interação e da realidade virtual. Porque não entrar, então, na definição de novos modelos de ensino e ajudar as nossas escolas e liceus a passar o cabo das tormentas?

O autor escreve em desacordo ortográfico.

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Director do IADE - Universidade Europeia

carlos.rosa@universidadeeuropeia.pt

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