Alemanha debate criação de base de dados de extremistas de esquerda

Enquanto se discutem as responsabilidades sobre o que aconteceu em Hamburgo, SPD e CDU concordam em ter informação europeia sobre manifestantes antiglobalização.

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Dezenas de carros foram incendiados em Hamburgo antes e durante a cimeira do G20 CLEMENS BILAN/EPA

Políticos sociais-democratas e democratas-cristãos alemães expressaram apoio à ideia da criação de uma base de dados de extremistas anti-globalização, que possam fazer “turismo da violência”, e que viajam pela Europa para levar a cabo acções violentas no âmbito de protestos, segundo o site de notícias Politico.

Enquanto a cidade de Hamburgo recuperava de motins, confrontos com a polícia, destruição de automóveis e lojas, que ocorreram antes, durante e mesmo depois da cimeira do G20 – violência levada a cabo por membros do chamado black block, vestidos de negro e cara coberta, alguns dos quais foram presos e entre os quais havia vários estrangeiros –, e se discutia de quem era a responsabilidade, políticos alemães de esquerda e de direita pareciam concordar que com mais informação sobre estes movimentos, poderia ter-se conseguido evitar parte da violência.

“Precisamos de um ficheiro completo de extremistas, isto também a nível europeu”, disse Eva Högl, vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata (SPD, centro-esquerda), o partido que apesar de ser o parceiro minoritário na “grande coligação” com os democratas-cristãos (CDU, centro-direita) de Angela Merkel, está a começar a campanha eleitoral e tentar diferenciar-se. “Assim, as autoridades teriam uma melhor visão global em relação aos criminosos violentos e poderiam dar informação também ao estrangeiro”, disse Vögel ao jornal Rheinische Post, de Düsseldorf.

O também social-democrata Burkhard Lischka declarou que o que aconteceu em Hamburgo é o resultado da inexistência de uma base de dados deste género – que existe para a extrema-direita e para suspeitos de terrorismo. “Centenas de incendiários e criminosos violentos vindos de toda a Europa entraram na Alemanha sem serem reconhecidos”, declarou ao mesmo jornal Lischka, criticando o ministro do Interior, Thomas de Maizière (CDU), por ter resistido a pedidos anteriores para esta base de dados.

Mas os democratas-cristãos manifestaram-se também a favor da ideia, segundo o Rheinische Post. Stephan Mayer, do partido-gémeo da CDU na Baviera, a CSU, que é porta-voz dos democratas-cristãos para a segurança interna, comentou ao jornal: “Acho que uma base de dados europeia para radicais de esquerda faz muito sentido e é digna de apoio”.

Os dois partidos separam-se, no entanto, de seguida: enquanto os democratas-cristãos acham que a luta contra esta violência de extrema-esquerda passa pelo encerramento de históricas casas ocupadas onde há colectivos como o Rote Flore em Hamburgo ou a Rigaer Strasse em Berlim, o SPD culpa os “turistas da violência e criminosos” pela destruição e violência em Hamburgo, acrescentando que “têm nada, ou muito pouco, a ver com centros de esquerda como a Rote Flore ou a Rigaer Strasse”, disse Vögel.

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