Activistas lançaram uma campanha nas redes sociais para angariar os 1140 euros de multa a que Ana Nicolau foi condenada por, a 11 de Março de 2015, ter gritado a partir das galerias da Assembleia da República ao então primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, “Metes nojo ao povo” e “Demissão”.

A ideia surgiu mal se soube da decisão judicial, em Novembro último. Activistas e amigos de Ana Nicolau puseram-se logo a discutir a possibilidade de angariar fundos para pagar a multa. Na ocasião, o encenador Jorge Silva Melo sugeriu que fossem 1440 os subscritores, à razão de um euro por cabeça, e que divulgassem uma declaração conjunta na qual demonstrem a sua indignação.

A referência bancária chegou a circular na Internet, embora sem o aval de Ana Nicolau, que optou por contestar a decisão. Três pessoas ainda depositaram um total de 155 euros, mas a activista nunca conseguiu identificá-las. “Gostaria de devolver este dinheiro a quem mo depositou, se acaso se quiserem 'acusar'; se não, fá-lo-ei chegar a alguém afectado pelos incêndios em Pedrógão Grande (conheço gente a trabalhar directamente no terreno), que deles precisará de uma maneira que eu não preciso”, anunciou, na sua conta de Facebook, segunda-feira. “Se acaso essas pessoas não quiserem que dê tal destino ao seu dinheiro, peço que por favor mo digam.”

Num longo texto, a activista explica o desfecho: “Três advogados, um debate instrutório, um julgamento, uma condenação e um recurso (negado) depois, chegou a hora de dar por finda esta batalha. (…) É certo que poderia tentar novo recurso, porque há sempre a possibilidade de o conjunto de juízes ter em conta as circunstâncias da altura, bem como os argumentos apresentados pela defesa, mas estar a gastar (outra vez) uma batelada de dinheiro à conta de um (muito pouco provável) ‘talvez’ não é coisa que me atraia muito, como acredito que compreendam.” Aguardara que o tribunal emitisse a guia para pagamento da multa. Recebera-a. Tinha 15 dias para a pagar. Por força das férias judiciais, o prazo arrasta-se para 15 de Setembro.

Três dias depois daquela nota, foi lançada a campanha “Ana Nicolau – a multa é nossa”. A conta manter-se-á aberta apenas até ser atingido o valor em causa. Os activistas apelam a que cada um dê só um euro para que o maior número de pessoas possa participar nesta iniciativa, que é, “simultaneamente, de solidariedade e de protesto”.