Região no Norte das Filipinas planeia documento exclusivo para muçulmanos

Autoridades de Luzon Central, região de maioria católica, dizem que a iniciativa visa separar residentes de potenciais extremistas infiltrados.

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O Presidente das Filipinas impôs a lei marcial em Mindanau após os confrontos de Maio na cidade de Marawi Francis R. Malasig/EPA

As autoridades de uma região no Norte das Filipinas estão a planear criar documentos de identificação exclusivamente para os habitantes muçulmanos. A medida, já condenada pela Human Rights Watch, é justificada como resposta ao recente surto de violência extremista na região de Mindanau, a centenas de quilómetros a sul dali.

Segundo a imprensa local, citada por um correspondente do jornal britânico Guardian, a medida foi discutida numa reunião que juntou as autoridades da região de Luzon Central, situada a norte de Manila, chefes da polícia, do Exército e cerca de 200 líderes comunitários muçulmanos, que não se terão oposto à iniciativa.

O comandante da polícia da região, Aaron Aquino, disse ao jornal Rappler que a polémica medida já foi adoptada pela cidade de Paniqui e que a intenção “é ser replicada em todas as comunidades muçulmanas da região, para uma mais fácil e eficiente identificação dos irmãos e irmãs muçulmanos”, separando-os de extremistas ou de estranhos indesejados.

Segundo o Guardian, na região – de maioria católica, à semelhança da generalidade do país – vivem cerca de 26 mil muçulmanos, que segundo as organizações de direitos humanos se arriscam a ser tratados como cidadãos de segunda. “Criar cartões exclusivamente contra muçulmanos por causa da sua suposta falha em impedir a entrada dos extremistas islâmicos na cidade de Marawi é uma forma é uma forma de punição colectiva”, afirma a HRW, num comunicado em que considera “irrelevante” o facto de os líderes comunitários não se terem insurgido contra a ideia.

Foi no final de Maio que um exército de extremistas formado por combatentes do Abu Sayyaf e outros grupos islamistas mais pequenos se apoderaram de parte da cidade de Marawi. Sequestraram dezenas de pessoas e ergueram bandeiras do Daesh, organização jihadista à qual  Abu Sayyaf jurou recentemente lealdade, antes de o Exército ter conseguido expulsá-los. O Presidente Rodrigo Duterte instaurou a lei marcial na ilha (há décadas território de grupos que lutam pela criação de um Estado islâmico), tendo chegado a acusar a população local de ter facilitado a entrada dos radicais.

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