Ms. Michaels: morreu a feminista que lutou por uma designação neutra para as mulheres

Apesar de o termo já existir anteriormente, a norte-americana Sheila Michaels fez reaparecer a designação neutra para as mulheres “Ms.”, na década de 1960.

Sheila Michaels

A feminista norte-americana Sheila Michaels — conhecida por popularizar o uso da designação Ms. em vez de Mrs. ou Miss, sobretudo nos EUA — morreu na penúltima semana de Junho, aos 78 anos. Na língua inglesa, a designação atribuída às mulheres depende do seu estado civil: se forem solteiras, os seus nomes são antecedidos de Miss (equivalente a menina, em português); se forem casadas, o nome é antecedido de um Mrs. (equiparável a senhora), geralmente seguido do apelido do marido.

Para colmatar esta desigualdade, Sheila Michaels sugeriu que se passasse a usar a designação neutra "Ms". Apesar de não ter inventado o termo, Michaels foi uma das pessoas que popularizou o seu uso (na década de 1960), depois de ver a designação escrita numa carta e pensar que se tratava de uma gralha, escreve a BBC. Ao contrário do que acontece com as designações Mrs. e Miss, Ms. é neutro e, segundo a própria, é um título que dá a entender que a mulher “não pertence a um homem” – seja o pai, seja o marido.

Numa entrevista dada ao New York Times para o seu próprio obituário, Michaels reconhece que o termo já existia em livros estenográficos, mas que “nunca o tinha visto antes”. “Era uma espécie de conhecimento oculto”, disse. Antes de a norte-americana ter “ressuscitado” o termo – que já tinha aparecido em 1901 – a utilização da palavra “Ms.” (lê-se mizz) era pouco corrente.

Michaels nasceu em St. Louis, no estado norte-americano de Missouri, e passou a sua infância em Nova Iorque. Ainda que tenha ficado conhecida pelo termo Ms., Sheila Michaels foi também uma activista dos direitos de género, tendo ainda trabalhado como motorista de táxi e como historiadora oral – o estudo de informação histórica através de registos áudio, transcrições e entrevistas. Uma fonte familiar revelou ao New York Times que Michaels sofria de leucemia, e o agravamento da doença provocou a sua morte, a 22 de Junho.

Em 1986, uma nota editorial publicada no New York Times dava conta que, a partir daquela data, o jornal iria começar adoptar a designação “Ms.” nos seus trabalhos jornalísticos. Uma entrevista que deu a uma rádio norte-americana, em 1972, chamou a atenção de Gloria Steinem, que acabou por fundar uma revista feminista com esse nome. 

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