José Manuel Neto convida Carlos do Carmo e Rodrigo para as noites do Trindade

O guitarrista está sexta e sábado no Teatro da Trindade, em Lisboa. Carlos do Carmo e Rodrigo são os fadistas convidados.

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José Manuel Neto com a sua guitarra MIGUEL MANSO

No ciclo Há Música no Trindade, depois de Tatanka e Yamandu Costa, chega a vez de José Manuel Neto, um dos grandes tocadores actuais de guitarra portuguesa. Com um disco editado em Agosto de 2016, Tons de Lisboa, que foi a sua estreia discográfica a solo, José Manuel Neto tem tido bons ecos dessa experiência: “Muitos, guitarristas e não só, vieram dizer-me que fazia falta um disco destes. Lembro-me de o Alcino Frazão ter gravado um, em 1985, que tinha a parte tradicional mas também tinha outras coisas.”

Nascido em Lisboa, a 29 de Outubro de 1972, filho da fadista Deolinda Maria, José Manuel Neto começou a tocar guitarra portuguesa aos 15 anos. Em gravações ou em palco, correu mundo ao lado de vozes como as de Carlos do Carmo, Camané, Ana Moura, Aldina Duarte, Cristina Branco, Mísia ou Mariza. E essa experiência foi fulcral para o seu primeiro disco a solo, onde se reúnem composições de guitarristas históricos como Armandinho, Jaime Santos, José Nunes ou Mário José Lopes, e temas novos com assinaturas de Carlos Bica, Tiago Machado ou Manuela de Freitas. Agora, no palco do Teatro da Trindade, em Lisboa, vai tocar em dois dias consecutivos e com diferentes acompanhantes. Num dia estarão com ele Carlos Manuel Proença (viola) e Daniel Pinto (baixo) e no outro Nélson Aleixo (viola) e Frederico Gato (baixo). E terá convidados.

Tradição e inovação

Dois, para ser preciso. Esta sexta-feira, 7 de Julho, será Carlos do Carmo. “É das pessoas que eu mais gosto de ouvir cantar. Vou propor-lhe fazer coisas que a gente não costuma tocar, coisas diferentes.” No sábado, dia 8, o convidado será Rodrigo. “Continua a cantar muito bem e tem toda uma tradição. As pessoas não estão habituadas a ouvi-lo assim, em salas.” E há outra razão, transversal, para endereçar tais convites, diz ao PÚBLICO José Manuel Neto: “Qualquer um deles tem muito presente, mais o Carlos neste caso, esta transição da tradição para a inovação. E como para mim fazem ambas todo o sentido, a tradição e a inovação, quis que isso estivesse presente com pessoas de uma geração com peso.”

Nestes espectáculos (ambos às 21h30), diz o guitarrista, “haverá uma primeira parte mais dedicada ao repertório tradicional dos compositores-guitarristas mais importantes, Armandinho, José Nunes, Jaime Santos, e depois haverá uma segunda parte com temas do disco e coisas novas que estamos a ensaiar e a testar.” Porém, não com os mesmos arranjos: “Houve três temas no disco onde usámos percussões, embora muito leves. Mas aqui não vamos utilizá-las, vamos fazer soar tudo só com guitarra, viola e baixo.”

José Manuel Neto já tocou no Trindade muitas vezes, uma das mais recentes com Mísia, a 2 de Dezembro de 2016, no lançamento da colectânea Do Primeiro Fado Ao Último Tango: “É uma daquelas salas de Lisboa que, além de ser lindíssima e ter muito boa acústica, é também muito acolhedora pelo facto de ser mais pequena.” Abrir o palco do Trindade ainda mais à música parece-lhe uma boa ideia, que irá seguir com atenção.

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