Nova tendência interna do CDS à espera de formalização

Portas apela à mobilização do partido e oposição a Cristas recusa responsabilidades em rupturas autárquicas.

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Rui Gaudencio

A Tendência Esperança em Movimento (TEM), corrente que se quer oficializar no CDS, mostra surpresa pelo facto de a apreciação da sua proposta para a constituição formal não ter sido agendada para próxima comissão política nacional, marcada para esta sexta-feira. Fonte oficial do CDS justifica ao PÚBLICO que os documentos estão a ser analisados e que na sequência dessa “validação” é que a tendência “será ou não aprovada pelos órgãos competentes do partido”.

Depois de entregar as 400 assinaturas necessárias à constituição da tendência (o mínimo eram 300), os promotores da corrente esperavam que a apreciação da proposta fosse agendada na primeira reunião da comissão política nacional. Mas a reunião desta sexta-feira tem como ponto único as eleições autárquicas. “Ficámos surpreendidos pelo facto de a comissão política nacional não ter agendado, tal como os estatutos dizem”, afirmou o porta-voz do movimento Abel Matos Santos, que mostra preocupação: “Não queremos pensar que seja deliberado para não nos constituirmos”. A TEM, que tem promovido conferências com antigos líderes do partido, incluindo Manuel Monteiro, continua a recolher assinaturas de adesão ao movimento.

O ex-líder Paulo Portas, que há um ano se despediu da política activa, reapareceu numa iniciativa da actual presidente do CDS enquanto candidata à Câmara de Lisboa. E Portas deixou um recado, a poucos meses das autárquicas: “Esta é a hora de tocar a reunir e esta é a hora de tocar a rebate”. Um gesto que, alegou o antigo vice-primeiro-ministro, um ex-presidente de partido “pode fazer e dizer na hora certa”.

O recado foi visto como dirigido à oposição interna a Assunção Cristas que não se tem coibido de fazer críticas à actuação da líder na pré-campanha autárquica. Mas um dos rostos da oposição, o ex-deputado Raul Almeida, questionado sobre as palavras de Paulo Portas, rejeita responsabilidades em qualquer desunião no processo autárquico. “É uma preocupação que também partilho e sobre a qual chamámos a atenção em devido tempo sobre a multiplicação de problemas a surgir de forma insanável no processo autárquico – como Espinho, Oliveira do Bairro, Ponte de Lima e Arouca e muitos mais – mas que agora, dado o ponto a que chegaram, me parecem de difícil reversão. Oxalá esteja enganado”, afirmou Raul Almeida.

O ex-deputado, que faz parte da lista alternativa ao Conselho Nacional liderada por Filipe Lobo d’Ávila, elogia o “empenho da presidente do partido no pedido de demissão dos ministros com responsabilidades políticas nas tragédias que atingiram recentemente o país” e acrescenta que Cristas “tem todo o partido a apoiá-la nesta acção de oposição à 'geringonça'”. 

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