Enfermeiros especialistas: Para quê, para quê, para quê?

São necessárias mais “situações de queima-roupa”, passando uma expressão do ministro da saúde, para que o mesmo compreenda que orçamentos não se fazem sobre quatro paredes, sem atender às necessidades dos cidadãos

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Se a incursão de enfermeiros já é gravemente afetada pelos constantes cortes nos orçamentos da saúde, a situação não é diferente no caso dos enfermeiros especialistas.

Não há uma proposta de upgrade funcional nem nenhuma vontade em evoluir manifestadas pelos órgãos como o Ministério da Saúde, ou seja, a introdução de mais enfermeiros especialistas nos serviços, seja de que área de especialidade forem, não parece estar pelo caminho.

Assistimos nestes últimos dias a um protesto de enfermeiros especialistas de Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica, a desempenhar funções, por exemplo, em blocos de partos de enfermeiros especialistas, mas, contudo, a ganharem mensalmente um salário correspondente ao de um enfermeiro generalista.

Realmente na ótica dos nossos dirigentes uma pergunta prende-se: Se conseguimos enfermeiros a desempenhar um perfil de competências específico de um enfermeiro especialista, contudo mantendo-se como enfermeiros generalistas e a ganhar o ordenado destes últimos, para quê despendermos mais dinheiro?

A resposta na visão dos mesmos continua a perpetuar a valorização do dinheiro, aos cuidados reais das pessoas e sem se valorizar os profissionais e as competências que os mesmos vêm a desenvolver.

Dos seis mil profissionais especialistas em Enfermagem, dois mil enfermeiros especialistas em Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica manifestaram-se largamente. Contudo, nas outras áreas de especialidade de enfermagem (Enfermagem Comunitária, Enfermagem Médico-Cirúrgica, Enfermagem de Reabilitação, Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica e Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica) decorre a mesma situação.

Se todos deixassem de desempenhar as suas funções, limitando-se aquilo que o generalista realiza, seria se calhar mais visível o estado da saúde no nosso país. São necessárias mais “situações de queima-roupa”, passando uma expressão do ministro da saúde, para que o mesmo compreenda que orçamentos não se fazem sobre quatro paredes, sem atender às necessidades dos cidadãos, sem uma participação ativa dos mesmos nos cuidados de saúde, bem como tendo em vista a sua melhoria a partir da participação dos intervenientes diários na prestação de cuidados.

A realidade do processo inverso a que assistimos com a diminuição do número de camas, realização de PPP´s em Saúde, contratação de profissionais por firmas de emprego precário, falsos estágios, bem como recursos a estudantes de enfermagem para esconder lacunas em saúde, tem sido a politica alternativa, que, diga-se de passagem, muitos buracos têm deixado visíveis.

Aos enfermeiros, à ordem e ao sindicato é exigido a união de forças para o combate desta lógica prejudicial do sistema de saúde público. Só a união faz a força. Uni-vos enfermeiros deste país.

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