França anuncia fim dos carros a gasolina e gasóleo até 2040

Um conjunto de medidas ambientais foi apresentado esta quinta-feira, em França, pelo ministro responsável pela pasta do Ambiente. Os principais objectivos do plano que pretende dar seguimento ao Acordo de Paris passam por acabar com os combustíveis fósseis e diminuir a "precariedade energética".

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O ministro francês, durante a apresentação do plano climático nesta quinta-feira Reuters/CHARLES PLATIAU

O ministro francês responsável pela pasta da Transição Ecológica (equivalente a ministro do Ambiente em Portugal), Nicolas Hulot, anunciou nesta quinta-feira um plano climático que começará a ser aplicado nos próximos cinco anos. A medida mais emblemática neste plano é o fim da venda de carros a gasolina e a gasóleo até 2040, noticia o jornal francês Le Monde, objectivo este que está definido para 2030 na Índia. “Para mim é uma verdadeira revolução”, afirmou o ministro, que reconheceu que esta decisão é "complexa" e que terá impacto no sector automóvel, uma das bandeiras da indústria francesa.

Além desta medida — que visa cumprir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris —, o conhecido activista ambiental Nicolas Hulot anunciou ainda o fim da produção de electricidade a partir do carvão. A eficiência energética é, precisamente, outra das apostas do ministro francês: “a eficiência energética é um assunto em que todos ganham”, afirmou, considerando prioritário o combate, durante os próximos dez anos, a edifícios mal isolados e que consumam muita energia. 

Para combater a “precariedade energética”, Hulot revelou que iriam ser aplicados quatro mil milhões de euros, argumentando tratar-se “não de despesa mas de investimento”. O ministro deixou ainda claro que estas restrições ambientais (foram apresentadas 23 medidas divididas por seis temáticas principais) têm como objectivo melhorar o quotidiano dos franceses.

Hulot disse ainda que os próprios construtores automóveis devem apoiar esta promessa “que é também uma questão de saúde pública”, disse, citado pelo Libération. O ministro garantiu que vai ser criada uma espécie de abono para ajudar as famílias mais carenciadas a conseguirem comprar viaturas mais bem adaptadas às exigências climáticas. Sem especificar qual o valor desta ajuda de transição, o ministro francês afirmou que permitirá “substituir um veículo a gasóleo anterior a 1997 ou a gasolina anterior a 2001”. 

Os veículos a gasolina e a gasóleo correspondem a cerca de 95% dos novos carros adquiridos no primeiro semestre do ano. De resto, são comprados 3,5% carros híbridos e pouco mais de 1% de carros eléctricos, escreve a Reuters. Hulot deu como exemplo a seguir a construtora de automóveis Volvo, da chinesa Geely, que anunciou os seus planos de tornar todos os seus veículos eléctricos a partir de 2019. 

Em Junho, o Presidente francês, Emmanuel Macron — que foi bastante crítico em relação à decisão tomada por Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris — comprometeu-se a levar à ONU, em Setembro, um “pacto mundial para o ambiente”. Este pacto pretende ser a base de um novo tratado internacional em que estejam subjacentes os grandes princípios no que diz respeito ao meio ambiente, sendo vinculativo para os Estados que o assinarem e não voluntário, ao contrário do que acontece com o Acordo de Paris. 

Hulot foi animador de televisão e candidato à presidência, em 2007. Apesar de ter recusado os convites para ser ministro feitos pelos dois presidentes anteriores, Nicolas Hulot aceitou o desafio de Macron, sendo um dos seus objectivos para este mandato a aplicação da lei da transição energética promulgada em 2015. Esta lei previa a redução para metade do total de consumo de energia e a redução para um quarto da quantidade das emissões de gases com efeito de estufa. Isto até 2050. 

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